Fluindo à nossa maneira vida afora.
Mares revoltos, reflexos cristalinos, mangues, nascentes e tudo o mais.
Dar tempo aos nossos ciclos, viver as fases.
Seencher em nuvem, verter em chuva.
@TarneliaTriptus
01/10/2024
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Fluindo à nossa maneira vida afora.
Mares revoltos, reflexos cristalinos, mangues, nascentes e tudo o mais.
Dar tempo aos nossos ciclos, viver as fases.
Seencher em nuvem, verter em chuva.
@TarneliaTriptus
01/10/2024
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Eu amo ler.
Minhas filhas, ainda mais a mais nova (3 anos e meio), tem um super interesse por livros e eu tenho pensado na possibilidade de apoiar pessoalmente elas no processo de alfabetização.
Aí eu me lembrei que terminei o ano em que deveria ter sido alfabetizada sem realmente saber ler. Foi a minha mãe quem me ensinou, nas férias antes do próximo ano escolar, imagino que pra que eu estivesse mais preparada e não sofresse nada na escola no ano seguinte.
Me lembro de estar sentada com meu caderno junto à mesa da copa e ir pegando letrinhas de um pote de vidro que ela tinha deixado pronto pra mim. Ela fazendo coisas na cozinha - talvez comida, talvez lavando louça - enquanto me dava apoio e orientações.
Faz tempo que eu lembro disso, mas, hoje, pensar nisso me chocou. Me peguei reconhecendo de novo o quanto ela era foda e aumentando ainda mais minha admiração.
Plenos anos 90, mãe solo de 3 garotas em idades muito diferentes, trabalhando fora, super ativa na organização budista da qual participamos (BSGI), numa época sem internet pra dar ideias e facilitar a aquisição de conhecimentos, ela tava lá me ensinando a ler em dois meses de uma forma que a escola não conseguiu ao longo de um ano.
O amor pela leitura veio da minha avó materna e preencheu o coração e a vida da minha mãe. Mesmo depois de perder a visão total de um olho e parcial do outro, ela insistia em ler, aprender e se transportar a outras vivências por meio das palavras.
Várias vezes ao longo das nossas vidas ela me falou que desejava que nós aprendêssemos a amar aos livros e aos estudos como ela tinha aprendido com minha avó. E sempre nos deixou cercada deles. Nós três aprendemos e amamos, realmente.
Usei minha mini impressora à calor para imprimir essas fotinhas e elas estão coladas na lateral da minha mesa de trabalho.
Eu às vezes me sinto muito sozinha no mundo e ter essas pessoas que eu amo junto comigo, mesmo que em impressões de qualidade meio questionável, aquece meu coração.
Aplaca a saudade um pouquinho e me sinto com mais força e coragem pra seguir em frente vida à fora.
Agora é respirar fundo, arregaçar as mangas e buscar informações. O mundo da leitura é incrível demais pras minhas crias não terem acesso a ele. 💖
As vezes as coisas me chamam. Não sei bem explicar o porquê.
Meses atrás vi nas sugestões do Youtube Music a capa de Suzume (RADWIMPS part. Toaka) e fui atraída imediatamente. Ouvi a música e me senti arrebatada. Era absolutamente tocante, reverberava com algo dentro de mim que eu não sabia nominar.
Se tornou imediatamente uma das minhas músicas favoritas e passou a ser um refúgio. É, até agora, a música que uso para dormir quando preciso de ajuda pra acalmar a mente e também a escolhida das minhas filhas pra adormecer.
Hoje finalmente assisti o filme ao qual essa música pertence.
O mais novo filme de Makoto Shinkai, Suzume, estreia dia 13 de abril de 2023 nos cinemas brasileiros!
🚪 Sinopse: "Do outro lado da porta, havia o tempo em toda sua existência...
A jornada da jovem Suzume de 17 anos começa na pacata cidade de Kyushu quando ela se encontra com um jovem que diz a ela o seguinte: “Estou procurando por uma porta”. O que Suzume encontra é uma única porta desgastada em pé no meio de ruínas, como se estivesse protegida de qualquer catástrofe. Aparentemente hipnotizada por seu poder, Suzume alcança a maçaneta… Portas começam a abrir por todo o Japão, causando destruição a qualquer um que esteja perto delas. Suzume precisa fechar esses portais para evitar que o desastre se alastre.
As estrelas, o pôr-do-sol, o céu da manhã...
Dentro daquele reino, é como se todo o tempo estivesse espalhado no céu... Cenários, encontros e despedidas nunca antes vistos... Uma infinidade de desafios aguardam Suzume em sua jornada. Apesar de todos os obstáculos em seu caminho, a aventura de Suzume lança um raio de esperança sobre nossas próprias lutas contra as estradas mais difíceis de ansiedade e constrangimentos que compõem a vida cotidiana. Esta história de portas fechadas que conectam nosso passado ao presente e futuro deixará uma impressão duradoura em todos os nossos corações.
Quando eu fico muito tempo dentro de casa eu fujo... Começo a me refugiar nos livros, nos pensamentos, nas infindáveis reflexões que rodam em minha mente.
Custo demais a ficar no presente. Me vejo por fora do meu corpo. Na verdade, mais pra ignoro a existência do meu corpo me atendo aos pensamentos. Todos eles, tantos deles, em todas as direções.
Tenho inúmeras ótimas ideias e não coloco nenhuma em prática, fico lapidando internamente sem nunca me sentir pronta pra externar. De vez em raramente consigo pôr algo pra fora. Uma música, um desenho, um texto. Mais o último que os outros, porque com o celular na mão já posso executar.
Mas a música e o desenho parecem pessoais demais, preciosos demais. Preciso de solitude, que quietude, preciso de um empenho que muitas vezes me falta energia pra desempenhar.
Sinto falta de quando eu me sentia a vontade pra desenhar em locais diversos, perto de outras pessoas. Sinto falta de desenhar mais.
O que me impede? O que me dói? Porque me sinto exposta agora de um jeito que não sentia antes? A maioria das pessoas à minha volta sequer sabe que eu desenho, canto, escrevo e por aí vai.
Essas coisas são tão intrinsecamente eu, porque eu não me permito ser vista através delas?
Pode ser engraçado ler isso, considerando que estou aqui neste blog público colocando essas coisas há uns 15 anos. Mas, na verdade, pouca gente sabe que ele existe. Não divulgo pra ninguém, não falo a respeito. A única referência direta a ele é um link na minha bio do instagram, e só. Talvez algo no meu falecido Deviant'Art também, mas nem tenho certeza.
Aqui é meu escape. Um espaço seguro pra desaguar um pouco do que não cabe mais dentro de mim mas que não tenho coragem de "alugar" os ouvidos/olhos dos outros pra compartilhar.
Quando estudava Artes Plásticas na UNB eu desenhava todo dia. Estava sempre com um diário gráfico por perto em qualquer lugar, qualquer horário. Era um meio de comunicação meu, de processamento ativo da vida. Esse contato intenso e frequente me faz falta.
Agora, sinto vergonha de alguém "me pegar" tentando desenhar. Me sinto exposta e com dificuldade de explicar o que estou fazendo. Porque nem eu mesma sei bem o que tô fazendo hoje em dia quando tento desenhar. Antes as coisas fluíam das minhas mãos para o papel de alguma forma.
Com o tempo "parada" fui me sentindo menos capaz. Como quem esquece as palavras da letra de uma música por passar muito tempo sem a cantar. Me sinto sem repertório pra colocar as coisas no papel mesmo tendo tanto a dizer com meus traços.
O irônico é que, quanto mais se exercita, mais se adquire recursos. E, ao não exercitar, eu vou só minando mais minha confiança no processo e na minha capacidade.
Existir pode ser bem confuso.