Faziam alguns anos que eu não conseguia parar pra fazer encadernaação artesanal e eu sentia muita falta.
Estou em um momento um pouco diferente agora, com um acompanhamento que tem me ajudado a agir mais e não só seguir morando e especulando a vida, o universo e a minha existência dentro de dentro da minha cabeça.
E um dos reflexos desse novo movimento é retomar coisas que eu amo e fluir através delas sem uma culpa difícil de processar que eu carregava há anos. Meio que ainda carrego, mas estou me soltando dela cada dia um pouco mais.
Eu tinha vários projetos de cadernos em mente e de junho pra cá comecei aos poucos a realizar. Preparei as capas em junho, separei as folhas no início de julho e, do fim dele e o início de agosto, andei com os processos de perfuração, costura e finalização.
Fico pensando como o contexto de vida muda. Anos atrás eu seria tomada pelos pensamentos de um projeto e simplesmente cairia de cabeça nele. Esquecendo inclusive de comer/beber/descansar e parando pra dormir só depois de ter entrado madrugada a dentro tomada pelo hiperfoco.
Já cheguei a finalizar um caderno em questão de horas num mesmo dia. Esse era um projeto mais simples de executar, então eu só aguardava razoavelmente a cola estabilizar e partia pra próxima parte do processo...
Hoje, com crianças, trabalhando fora, tendo que controlar horários de sono pra fazer elas dormirem e acordar cedo pra arrumá-las pra escola, o rolê é bem diferente.
Prós e contras, né? A frustração de ser constantemente interrompida e ter que limitar o tempo de contato com a produção são coisas dolorosas. Mas o coração fica muito quentinho vendo a empolgação delas em escolher a estampa da capa, as combinações de cores dos papéis do miolo, e as perguntas (todo santo dia) de "Meu caderno já tá pronto, mamãe? Eu tô tão ansiosa!".
Hoje as duas já estão alegremente usando seus cadernos. Desenham, fazem colagens e a Saphira até já escreve algumas coisas no dela! Ela está indo muito bem no processo de alfabetização, é uma alegria ver.
E eu, que estava me sentindo orfã porque meu último caderno tinha acabado uns dois meses atrás, voltei a ter um meio pra desaguar. Estreei ele com uma poesia, seguida de um desenho e uma escrita muito muito catártica.
Eu só sentia que ele precisava ter na capa o papel de borboletas que eu guardava há muitos anos. Era ele, sabe? Tenho disso. Eu tô o tempo todo pensando e mesmo assim tem muita coisa que eu começo a sentir muito antes de conseguir entender o porquê, só sei que é a coisa certa.
Tem sido um reencontro feliz com um ofício que eu amo e do qual eu estava distante a tempo demais.
Por hoje compartilho aqui dois vídeos que fiz no dia em que estava costurando meu novo caderno.
Eu costumava fazer cadernos mais estreitos para ter menos peso para carregar comigo para todos os lados. Mas meu último foi feito por uma pessoa querida que produziu algo espesso, potente, que me acompanhou por muito tempo e foi uma experiência que eu gostei muito.
Fora que eu não tinha certeza de quando conseguiria fazer cadernos de novo, então achei mais seguro fazer um que pudesse durar bastante.
Mas me parece que agora eu tô ficando um pouco melhor nisso de incluir minhas paixões na minha rotina. De abrir espaço para mim na minha própria vida. Então creio que vou conseguir continuar produzindo cadernos com uma regularidade mais feliz para mim. Não a que o hiperfoco gosta, mas uma possível mesmo assim.
Apesar de não estar escutando tanto quanto antes, eu gosto muito de twenty one pilots e Car Radio é minha música favorita.
E ela é a favorita porque eu nunca achei algo que representasse tão bem o caos que é estar dentro da minha cabeça e o quanto música me ajuda a sobreviver a mim mesma.
Lendo o que escrevi agora parece especialmente dramático, mas é bem sincero, e eu vim registrar o pensamento para mim mesma no futuro.
Eu já falei um bocado de vezes aqui sobre o fato de que eu amo música, escuto pra caramba e elas são muito importantes pra mim. Mas uma coisa que não lembro se já comentei é que tenho sempre alguma ou algumas que se tornam o vício do momento e escuto çiteralmente em looping.
Fuquei com vontade de registrar as atuais e as anteriores, então aí vai!
ATUAIS
TABLO X RM - Stop The Rain (Official MV) no YouTube
Esta eu já chorei, já sorri, já cantei junto e as meninas gostam de ouvir tanto quanto eu, então essa é um vício compartilhado. A letra dessa música me toca de muitas maneiras, tanto a parte do Tabloo quanto a do RM. É falar de coisas que doem profundamente mas com a delicadeza e o acolhimento de um abraço sincero. Ela é minha atual música de conforto em momentos de crise emocional/sensorial.
Within Temptation and @JERRY_HEIL -
Sing Like A Siren (Official Music Video) no YouTube
Já tinha um tempo que eu não ouvia Within Temptation e de repente eu reencontro a banda com um tesouro maravilhoso como este. Lindo não é suficiente. Acho que mágico define melhor.
É o álbum HOUSE OF TRICKY : SPUR inteiro, na verdade, mas coloquei Breath pra representar. Em SPUR o talento e o estilo deles brilhou em outro patamar. E o fato de ser o retorno do Jung Hoon após a lesão grave no joelho fez tudo ainda mais especial.
Não sei nem por onde eu começo a falar do Commedia D'arte ATO I... A Bea é foda demais e esse álbum é espetacular sob muitos aspectos. Mas acho que o que mais me toca é ela estar tão livre e feroz em falar sobre o que importa de fato pra ela. É um desenvolvimento lindo de se ver.
ANTERIORES
ATEEZ "DEEP DIVE" - GOLDEN HOUR : Part.2 no YouTube
Este é um daqueles casos em que eu ouvi o ábum todo em looping todos os dias, mas escolhi só uma para representar. Fquei muito empolgada em saber que em junho vai ser lançado o GOLDEN HOUR : Part.3. Considerei presente de aniversário \o/ rsrs
ATEEZ é meu grupo favorito faz algum tempo e esse álbum bateu como uma companhia que viveu o tempo junto comigo, adultecendo.
O álbum D-Day inteiro é muito especial, mas AMYGDALAe Snoozesão particularmente importantes pra mim e foram ouvidas em looping, sentidas, choradas, cantadas e me arrepiam até hoje.
지민 (Jimin) 'Set Me Free Pt.2' Official MV no YouTube
Acho que já deu pra perceber que eu gosto de BTS e que músicas que falam sobre as jornadas pessoais em direção à autonomia e ao reconhecimento da própria força me tocam, né? Pois então. No álbum Face o Jimin entregou uma potência e uma versatilidade vocais que me suspreenderam e apaixonaram muito. Eu ouvia inteiro em looping, mas essa e Alone são as que me atravessam mais.
E pra fechar a participação de integrantes do BTS no meu relato de vícios musicais, essa foi provavelmente a primeira de trabalho solo deles que me deixou obsecada. Por um bom tempo foi minha música de conforto para momentos de crise. A voz do JK me reconforta sensorialmente de um jeito que é difícil de explicar e toda a sonoridade dessa música é deliciosamente reconfortante.
Eu sou perdidamente apaixonada pela voz, a interpretação, a entrega da Eivør e esse álbum foi um presente, mais uma preciosidade que ela trouxe pro mundo. Não tem como ouvir ela cantar e não sentir reverberar até nos ossos. Sou apaixonada.
Iniko é uma força da natureza e eu considero um privilégio ter tido a oportunidade de conhecer uma voz e uma presença como essa, mesmo que só de longe. Amo várias músicas mas decidi registrar aqui o vídeo com o qual eu u conheci. Armor é outra que eu ouvi em looping e que me atravessa com muita força.
Minhas filhas, ainda mais a mais nova (3 anos e meio), tem um super interesse por livros e eu tenho pensado na possibilidade de apoiar pessoalmente elas no processo de alfabetização.
Aí eu me lembrei que terminei o ano em que deveria ter sido alfabetizada sem realmente saber ler. Foi a minha mãe quem me ensinou, nas férias antes do próximo ano escolar, imagino que pra que eu estivesse mais preparada e não sofresse nada na escola no ano seguinte.
Me lembro de estar sentada com meu caderno junto à mesa da copa e ir pegando letrinhas de um pote de vidro que ela tinha deixado pronto pra mim. Ela fazendo coisas na cozinha - talvez comida, talvez lavando louça - enquanto me dava apoio e orientações.
Faz tempo que eu lembro disso, mas, hoje, pensar nisso me chocou. Me peguei reconhecendo de novo o quanto ela era foda e aumentando ainda mais minha admiração.
Plenos anos 90, mãe solo de 3 garotas em idades muito diferentes, trabalhando fora, super ativa na organização budista da qual participamos (BSGI), numa época sem internet pra dar ideias e facilitar a aquisição de conhecimentos, ela tava lá me ensinando a ler em dois meses de uma forma que a escola não conseguiu ao longo de um ano.
O amor pela leitura veio da minha avó materna e preencheu o coração e a vida da minha mãe. Mesmo depois de perder a visão total de um olho e parcial do outro, ela insistia em ler, aprender e se transportar a outras vivências por meio das palavras.
Várias vezes ao longo das nossas vidas ela me falou que desejava que nós aprendêssemos a amar aos livros e aos estudos como ela tinha aprendido com minha avó. E sempre nos deixou cercada deles. Nós três aprendemos e amamos, realmente.
Usei minha mini impressora à calor para imprimir essas fotinhas e elas estão coladas na lateral da minha mesa de trabalho.
Eu às vezes me sinto muito sozinha no mundo e ter essas pessoas que eu amo junto comigo, mesmo que em impressões de qualidade meio questionável, aquece meu coração.
Aplaca a saudade um pouquinho e me sinto com mais força e coragem pra seguir em frente vida à fora.
Agora é respirar fundo, arregaçar as mangas e buscar informações. O mundo da leitura é incrível demais pras minhas crias não terem acesso a ele. 💖
As vezes as coisas me chamam. Não sei bem explicar o porquê.
Meses atrás vi nas sugestões do Youtube Music a capa de Suzume (RADWIMPS part. Toaka) e fui atraída imediatamente. Ouvi a música e me senti arrebatada. Era absolutamente tocante, reverberava com algo dentro de mim que eu não sabia nominar.
Se tornou imediatamente uma das minhas músicas favoritas e passou a ser um refúgio. É, até agora, a música que uso para dormir quando preciso de ajuda pra acalmar a mente e também a escolhida das minhas filhas pra adormecer.
Hoje finalmente assisti o filme ao qual essa música pertence.
Ele falou pra mim sobre luto. Sobre coragem e esperança.
Sobre lembrar que "o inverno nunca falha em se tornar primavera", como Ikeda sensei sempre citava de Nichiren Daishonin.
Que a noite de imensa dor que possamos estar atravessando (como a perda de um ente querido), por mais que pareça eterna e infinita, vai se tranformar em um dia luminoso outra vez. E vamos nos banhar e nos fortalecer nessa luz e afeto que está à nossa volta mas que também vem de dentro de nós.
Com essa obra eu sorri, me preocupei, chorei profundamente. Vi afetos se contruírem, coragem se descortinar, feridas abertas serem compreendidas e cuidadas.
Nem preciso dizer que recomendo imensamente o filme, né?
Suzume - Trailer oficial
Suzume - Trailer oficial 2
Assisti pelo Crunchyroll e deixo aqui a sinopse que eles compartilharam:
O mais novo filme de Makoto Shinkai, Suzume, estreia dia 13 de abril de 2023 nos cinemas brasileiros!
🚪 Sinopse: "Do outro lado da porta, havia o tempo em toda sua existência...
A jornada da jovem Suzume de 17 anos começa na pacata cidade de Kyushu quando ela se encontra com um jovem que diz a ela o seguinte: “Estou procurando por uma porta”. O que Suzume encontra é uma única porta desgastada em pé no meio de ruínas, como se estivesse protegida de qualquer catástrofe. Aparentemente hipnotizada por seu poder, Suzume alcança a maçaneta… Portas começam a abrir por todo o Japão, causando destruição a qualquer um que esteja perto delas. Suzume precisa fechar esses portais para evitar que o desastre se alastre.
As estrelas, o pôr-do-sol, o céu da manhã...
Dentro daquele reino, é como se todo o tempo estivesse espalhado no céu... Cenários, encontros e despedidas nunca antes vistos... Uma infinidade de desafios aguardam Suzume em sua jornada. Apesar de todos os obstáculos em seu caminho, a aventura de Suzume lança um raio de esperança sobre nossas próprias lutas contra as estradas mais difíceis de ansiedade e constrangimentos que compõem a vida cotidiana. Esta história de portas fechadas que conectam nosso passado ao presente e futuro deixará uma impressão duradoura em todos os nossos corações.
Quando eu fico muito tempo dentro de casa eu fujo... Começo a me refugiar nos livros, nos pensamentos, nas infindáveis reflexões que rodam em minha mente.
Custo demais a ficar no presente. Me vejo por fora do meu corpo. Na verdade, mais pra ignoro a existência do meu corpo me atendo aos pensamentos. Todos eles, tantos deles, em todas as direções.
Tenho inúmeras ótimas ideias e não coloco nenhuma em prática, fico lapidando internamente sem nunca me sentir pronta pra externar. De vez em raramente consigo pôr algo pra fora. Uma música, um desenho, um texto. Mais o último que os outros, porque com o celular na mão já posso executar.
Mas a música e o desenho parecem pessoais demais, preciosos demais. Preciso de solitude, que quietude, preciso de um empenho que muitas vezes me falta energia pra desempenhar.
Sinto falta de quando eu me sentia a vontade pra desenhar em locais diversos, perto de outras pessoas. Sinto falta de desenhar mais.
O que me impede? O que me dói? Porque me sinto exposta agora de um jeito que não sentia antes? A maioria das pessoas à minha volta sequer sabe que eu desenho, canto, escrevo e por aí vai.
Essas coisas são tão intrinsecamente eu, porque eu não me permito ser vista através delas?
Pode ser engraçado ler isso, considerando que estou aqui neste blog público colocando essas coisas há uns 15 anos. Mas, na verdade, pouca gente sabe que ele existe. Não divulgo pra ninguém, não falo a respeito. A única referência direta a ele é um link na minha bio do instagram, e só. Talvez algo no meu falecido Deviant'Art também, mas nem tenho certeza.
Aqui é meu escape. Um espaço seguro pra desaguar um pouco do que não cabe mais dentro de mim mas que não tenho coragem de "alugar" os ouvidos/olhos dos outros pra compartilhar.
Quando estudava Artes Plásticas na UNB eu desenhava todo dia. Estava sempre com um diário gráfico por perto em qualquer lugar, qualquer horário. Era um meio de comunicação meu, de processamento ativo da vida. Esse contato intenso e frequente me faz falta.
Agora, sinto vergonha de alguém "me pegar" tentando desenhar. Me sinto exposta e com dificuldade de explicar o que estou fazendo. Porque nem eu mesma sei bem o que tô fazendo hoje em dia quando tento desenhar. Antes as coisas fluíam das minhas mãos para o papel de alguma forma.
Com o tempo "parada" fui me sentindo menos capaz. Como quem esquece as palavras da letra de uma música por passar muito tempo sem a cantar. Me sinto sem repertório pra colocar as coisas no papel mesmo tendo tanto a dizer com meus traços.
O irônico é que, quanto mais se exercita, mais se adquire recursos. E, ao não exercitar, eu vou só minando mais minha confiança no processo e na minha capacidade.
Assistindo pelo Youtube é possível ativar a legenda em Inglês ou em Português diretamente no vídeo.
Ouço Kerli há pelo menos 15 anos e o trabalho dela me tocou de muitas formas ao longo desse tempo. Hoje ouvi novamente essa música e ela me atravessou de uma maneira diferente de antes, por isso quis incluir ela aqui.
Hoje, 01/03/2024, li uma entrevista do baixista Marco Hietala (ex-Nigtwish) falando sobre como impactou positivamente na vida dele receber seu diagnóstico de TDAH - mesmo isso tendo ocorrido na casa dos 50 anos.
Ele vinha de um quadro grave de depressão e ansiedade e, no processo de autoconhecimento e tratamento relacionado a esse quadro, seu psiquiatra falou sobre a possibilidade de ele ter TDAH. Ivestigaram e confirmaram que sim.
Uma coisa que me tocou na fala do Marco foi o fato de a hiperatividade dele ser interna, nos pensamentos que não desligam, no cérebro que pensa em infinitas coisas o dia e a noite inteiros. Que ele não tem um perfil de tanta hiperatividade física mas sim mental.
Muitas vezes nos agarramos aos esteriótipos, aos sintomas e caracterísicas clássicos mais difundidos e pensamos que são a única maneira de apresentação deles. Mas nem é assim.
Ter a chance de conhecer melhor como a gente funciona nos permite buscar acomodações que facilitem nossa existência individual e em sociedade.
Eu estou em processos de investigação desde julho de 2023 sobre a minha própria história, meu próprio funcionamento. Ainda sem um diagnóstico oficial mas já conseguindo perceber, entender, processar e acomodar melhor meu próprio funcionamento pra não precisar ser tão sofrido existir. A frase anterior pode parecer dramática demais mas, a verdade é que o mundo não está posto em conformidade com as pessoas neurodivergentes. Ele foi feito e montado para pessoas que funcionam de maneira diferente da gente e por mais que a gente se esforce pra mascarar bem, a conta chega depois em depressão, ansiedade, burnout e etc.
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Li duas matérias com o Marco em que ele fala sobre a influência da neurodiversidade na sua história de vida, via whiplash.net:
P.s: Eu escrevi esse texto em 1º de março, fui interrompida e acabei esquecendo de voltar para incluir os links das matérias... Voltei agora pra outra postagem e cá estou eu recuperando essa aqui também ^.^'
Ontem parei pra pensar sobre meu silêncio. Um silêncio aprendido e muito executado. De alguém que tem muito a dizer e escolhe guardar tudo pra si. De como eu aprendi que "sabichões" que "de tudo entendem" e que cortam/corrigem os outros com frequência (muitas vezes por falta de noção e sem essa real intenção) ficam sem amigos pra conversar.
De como é solitário escolher o silêncio com tanta frequência. Como é dolorido não ter coragem de interagir, de compartilhar. Me acostumei tanto a me calar - pq sentir que as opiniões dos outros "são mais importantes/relevantes que as minhas", pq precisei do silêncio pra direcionar toda minha capacidade a entender o que os outros estão falando E querendo dizer. Pq, por mais que seja um assunto que eu tenho conhecimento e interesse a respeito, sempre acho que há outros que sabem mais e por isso não tem necessidade de eu "me meter" nos assuntos.
Mas aprender é minha maior notivação na vida. Amo aprender, conhecer, descobrir novos campos de interesse e me aprofundar neles. E tudo isso fica rodando dentro de mim, da minha cabeça que nunca pára. Então, se eu não vou conversar com ninguém sobre as coisas, eu escrevo, desenho ou canto. Levo pra terapia semanal. Precisam ter vazão de alguma maneira pq, se eu tento conter tudo dentro de mim, adoeço.
Acabo de perceber que eu sinto não ter ninguém com quem eu posso conversar livremente sobre tudo que se passa na minha cabeça. Eu sempre me preocupo que se eu me abrir completamente eu vou sufocar as pessoas com meu excesso de informações, com meus interesses peculiares. Que elas não tem interesse pelas mesmas coisas e vão ficar cansadas, entediadas e querer ir embora.
Que bom que as palavras escritas existem.
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Ficar calada me "protege" das confusões da dificuldade de interação social, dos potenciais olhares de reprovação pq não entendi a piada ou discordo do que está sendo dito, mas tb me impede de aprofundar relações. De me conectar com as pessoas. Me previne de fazer verdadeiras amizades que vão existir para além do ambiente de trabalho/estudo/religião.
Sempre me doí por isso, por conhecer e ser conhecida por todo mundo, falar com todo mundo, mas quando saía dos ambientes estava sempre sozinha. Sempre existiu a barreira da interação estritamente localizada. As outras pessoas visitavam as casas umas das outras, iam para cinemas, parques, festas, etc. juntas e eu nunca conseguia estender minhas relações pra outros ambientes.
Hoje sinto que o silêncio faz parte das minhas máscaras. Daquelas que desenvolvi pra me sentir socialmente aceitável nos ambientes que eu precisava navegar. Pra me sentir minimamente segura e pertencente. Mesmo que, na maior parte do tempo, a sensação de ser uma impostora seja a coisa mais presente de todas. E até pra isso o silêncio serve: pra "me proteger" de demonstrar a fraude que sinto ser - mesmo que eu tenha chegado aonde cheguei de forma justa.
Eu esqueço muito das coisas então gosto sempre de ir anotando coisas que são legais e/ou importantes pra mim. No futuro eu encontro as anotações e fico com o coração quentinho ao rememorar.
Esse compilado serve pra isso também. E pra deixar sugestões de leitura pra alguém que queira dar uma olhada.
Vou colocar uns links da Amazon (alguns pela Loja Skeelo) pra maiores informações porque muitos leio pelo Kindle Unlimited, mas dá pra achar em inúmeros outros lugares a maioria desses livros. Skeelo e Kindle são minha maiores fontes de livros atualmente.
Eu planejava ser mais detalhista sobre cada um, mas me encontrei exausta já depois dos primeiros, então muitos vão ser basicamente só título/autorie. Também não estão na ordem em que li. Na verdade nem sei bem que tipo de ordem foi essa que eu arrumei 😂 Bora lá!
De 2022 eu quase não li e também pouco anotei, mas me lembro de 3:
"Luzes do Norte" de Giulianna Domingues. Se tornou um favorito! Aconselho muito. Foi a primeira vez que li romantasia e também a primeira vez que li sobre um casal queer. Foi um divisor de águas e esse estilo se tornou meu lugar de conforto e refúgio na literatura.
"A àrvore do fruto Mágico" de A. S. Ferreira. Infelizmente não achei link desse que estivesse funcionando mas, gostei bastante!
Em 2023 eu voltei a ler bastante (principalmente no segundo semestre), então a lista é bem maior rsrs
Vou começar com a série que li em dezembro e amei: "The Bonds that Tie" (6 livros) de J. Bree. Quero já avisar que são livros que tratam de temas bastante pesados e tem menções e cenas explícitas de muitas coisas (sexo, violência, tortura física e psicológica, pedofilia, etc...) então eu aconselharia para maiores de 18 anos. Além de todas as coisas pesadas tem muito desenvolvimento dos personagens, de laços afetivos, de habilidades individuais e enquanto grupo entre tantas outras coisas - e foram justamente esses aspectos que me apaixonaram. Acho que dá pra classificar eles em romantasia também, mas não tenho certeza. Li todos em Inglês mas, ouvi dizer que existe tradução pelo menos os dois primeiros. Não quero dar spoiler então paro por aqui. Apenas vou colocar as capas porque acho elas maravilhosas:
"Uma Virtude Mortal" de Emily Thiede. Amei também! Aguardando ansiosamente a continuação em português (em Inglês já foi lançada mas procuro manter o mesmo idioma durante toda a série pra facilitar pra minha cabeça). Acho a capa desse linda também.
Terminei "Estado de graça" de Ann Pachet. Comecei anos antes mas já tinha muito tempo que não o lia. Foi o único livro físico que terminei no ano. No fim das contas me dei muito bem com o rolê da leitura digital.
"Quando o sol voltar" de Olivia Pillar. Sobre se cuidar, nutrir afeto e ousar esperançar num período recente super difícil aqui no Brasil. Recomendo muito. 💛
"Isso não é um conto de fadas" de I. K. Prado. Foi uma leitura que me fez muito bem também. Me senti abraçada por alguém que também na busca por não se perder de suas paixões em produção criativa.
Ouvi "Carmilla" de J. Sheridan Le Fanu. Até então não tinha dado muitas chances para os audiobooks e esse foi uma boa abertura pra isso! Infelizmente não consegui achar link para o que ouvi, mas foi o que ganhei na Skeelo. Recomendo.
"Fanfics de uma quarta-feira à noite" de Camila Pelegrini. Me apaixonei pela escrita de Camila e tem alguns livros dela nessa minha lista rsrs Não consegui achar link externo pra vários dos livros dela, mas li/ouvi todos pelo Skeelo.
"Para sempre seu" de Júlia Braga. Este foi uma surpresa e tanto. Algo me disse pra ler esse livro, um impulso que eu não soube bem explicar. A gente pensa que vai ser um romance clichê por causa do começo e as coisas caminham pra um lugar que, infelizmente, eu consegui me identificar um bocado. Não quero dar spoiler, apenas recomendo demais!
"O grande deus Pã" de Arthur Machen. Este, Um pressentimento funesto e Uma virtude mortal eu li por incentivo da Maratona Skeeloween. Foi uma experiência interessante porque os dois primeiros eu provavelmente não escolheria ler por conta própria.
"Clave de dó" de Camila Pelegrini. Também via Skeelo!
"Meu babaca favorito" de Camila Pelegrini. 💚
Ouvi "Papai Noel ao avesso" de Meredith Nicholson. Foi peculiar e divertido. Outro que eu não pensaria, por conta própria, em tentar, mas animei no evento de Natal da Skeelo.
Ok \o/
Fazer essa postagem foi uma jornada bem mais cansativa do que eu pensei que seria. Nos meus devaneios iniciais, eu planejava colocar as capas de todos os livros mas, logo percebi que ia ser trampo demais pro momento.
Acredito que li mais alguma coisa no primeiro semestre... Só que, como não estava anotando ainda, se perdeu.
Descobri que muitas vezes não guardo na memória os nomes dos livros/autories/personagens/lugares, mas as sensações que a história me causou permanecem comigo. Por isso acho tão legal anotar e rememorar depois. Assim como escrever minhas impressões na hora em que termino de ler.
Essas eu ainda não decidi se compartilho ou não porque, em geral, são reflexões muito pessoais sobre minhas experiências de vida que foram despertadas pelos livros - não são resenhas. Quem sabe eu decido compartilhar, né?
Obs: Listei apenas as coisas que li por diversão e terminei. Leituras divertidas ainda por terminar ou artigos e outros textos acadêmicos que finalizei em 2023 não estão aqui.
Eu tinha pensado em não escrever sobre isso no momento mas, o desejo foi maior e eu tenho como um dos meus objetivos para 2024 o de respeitar mais meus desejos, além de cuidar mais de mim e das minhas necessidades.
Essa introdução meio estranha se refere um hábito que eu iniciei no ano passado de registrar meus sentimentos e pensamentos ao final da leitura/escuta de livros.
Em 2023 voltei a ler por prazer e esse reencontro foi muito feliz! Talvez eu publique aqui as imprssões mais marcantes das leituras do ano passado. Estou pensando a respeito.
Hoje, terminei o livro "Aurora e Fryda" de Marina Rezende. A princípio ele me chamou atenção pelo título porque tenho uma ligação (não totalmente compreensível ainda pra mim) com auroras.
Na verdade, o livro que me trouxe de volta às leituras por prazer foi "Luzes do Norte" de Giu Domingues. Com sua capa repleta de auroras boreais/austrais ele gritou por mim e eu ouvi. Dimitria Coromandel é tudo o que eu sempre quis para minha personagem de D&D de mesa, Tarnélia Triptus. Enquanto guerreira, enquanto ser humano. Aurora van Vintermer representa mais a mim, Emília, com a maneira com que busco me colocar diante da vida e das pessoas. Minha maneira de ver e agir na vida.
Luzes do Norte foi minha primeira leitura de romantasia LGBTQIAPN+ e me tomou inteiramente. Fantasia é meu estilo de literatura favorito desde que tenho memórias a respeito. Só que eu costumava meio que fugir de romances, então fui surpreendida por como essa mistura me arrebatou! Ainda mais enquanto pessoa que tem procurado abraçar e cuidar com mais carinho e respeito do fato de ser queer.
Com o passar dos meses e das leituras, os romances queer se tornaram meio que um refúgio pra mim. Um lugar de reconhecimento e aprendizado sobre meus afetos possíveis, sobre me enxergar com mais inteireza.
Aurora e Fryda falam sobre esse conhecer também. Sobre olhar pra relidade que se coloca à nossa frente e desejar um futuro diferente, mais liberto, mais sincero com nossa essência. Um futuro menos violento. É sobre abraçar a esperança e agir em prol dela, reconhecendo que o caminho pode ser desalentador muitas vezes mas, apesar disso seguir confiando na nossa capacidade de mudar o que está a nossa volta a partir da mudança que fazemos dentro da gente - assim como fala o Budismo de Nichiren Daishonin, pelo qual tenho tanto apreço.
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Leio muito digitalmente. Pensei que não me adaptaria a não ter os livros em mãos quando tentei pela primeira vez anos atrás. No fim das contas me apaixonei pela praticidade de ler em basicamente qualquer lugar/luminosidade e por poder "transportar" inúmeros títulos comigo (já que sempre começo vários ao mesmo tempo rsrs).
Fiquei agora com vontade de fazer uma postagem compilando os livros que li em 2023 (pelo menos os que tenho registro/lembrança de ler lido). Gosto de listar as coisas porque minha memória não dura tanto tempo e revisitar os dados depois me faz feliz muitas vezes. Ou emocionada, ou me faz repensar escolhas e atualizar/renovar objetivos.
Provavelmente a próxima postagem vai ser sobre isso então.
Até lá.
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Fonte das imagens: anúncios dos respectivos livros no site amazon.com.br
Aline e eu - minha cara entrega o cansaço, mas o coração tava feliz!
No meu encontro de vida com o K-pop acabei me apaixonando por alguns grupos, em especial o Ateez.
As músicas, as letras, a paixão durante as performances, o quanto os caras parecem ser ótimas pessoas (pelo que podemos ver em entrevistas, shows, programas de variedade, vlogs, etc.), tudo isso foi me ganhando até eu precisar admitir que o Ateez é meu grupo musical favorito no momento.
Quando soube que eles fariam show no Brasil eu fiquei primeiro eufórica e em seguida pensei "Ok, não vou poder ir. Mas torço pra que seja ótimo, esgotem os ingressos e eles queiram voltar num futuro próximo, de preferência mais perto de onde eu moro", e segui minha vida com aquele pesarzinho no coração. Sinceramente não me via em condição de ir.
Encontrei a Aline um tempo depois e fui toda marota mostrar alguns clipes e performances do grupo pra ela, que também gostou muito, e comentei que ia rolar o show em SP. Ela que já tinha percebido o quanto gosto deles me ofereceu o ingresso de presente e eu fiquei até sem saber o que fazer na hora rsrs
No fim das contas fomos juntas e foi uma experiência fasntástica sob muitos aspectos!
Houveram problemas em relação à produtora do evento com preços altos, filhas kilométricas com quase nenhuma sinalização/staff pra nos orientar, os portões abriram atrasados, a posição do palco B em relação a pista foi completamente diferente do mapa de venda dos ingressos (dá pra entrar com processo sobre propaganda enganosa ou algo do gênero, tamanha a disparidade), o palco não foi tão alto quanto precisava o que tornou basicamente impossível ver o grupo pra quem estava na pista (eu mesma basicamente só vi pelo telão), entre outras coisas.
Mas o Ateez etregou tudo de si e mais um pouco. As apresentações foram maravilhosas, cantaram e dançaram demais, interagiram de maneira massa com o público. Todos eles são lindos pelas fotos/vídeos online, mas fiquei muito chocada de constatar o quanto o Hongjoong e o Yunho são ainda mais bonitos pessoalmente! rsrs
Nunca estive num show com uma energia tão incrível entre artistas e público. E nunca tive uma experiência tão fantástica em relação as pessoas que estavam ao meu redor: só tinha gente gentil, respeitosa e simpática dividindo aquele momento especial.
O Jongho infelizmente não pôde participar por causa de uma lesão e foram vários os momentos emocionantes em que os membros do grupo falavam sobre ele e nós cantávamos as partes dele nas músicas, gritamos seu nome e torcemos muito pra que eles voltem logo e com a formação completa.
Confesso que meus olhos encheram de lágrimas quando rolou Aurora. Ela tem um lugar especial no meu coração e, apesar de não ser uma das músicas em que o Jogho tem seus vocais mais épicos, é uma em que a voz dele é especialmente importante pra mim.
Acho que nunca cantei tanto, gritei tanto, dancei tanto no meu lugarzinho num show. Foi mágico poder presenciar as apresentações ao vivo. Foi mágico gritar em uníssono o high note do Jongho em Wonderland - Symphony nº 9 e sentir o estádio todo tremer quando gritamos "break the wall" (e pulamos muito!) em Guerrilla com toda a potência que ainda existia nos nossos corpos.
Mesmo com todas as questões técnicas que vieram pra atrapalhar e a chuva que nos acompanhou desde as horas nas filas até o fim do show, foi realmente uma experiência INESQUECÍVEL com todas as letras.
Saí do show prometendo a mim mesma que começaria um cofrinho na semana seguinte porque no próximo show eu quero estar colada no palco - e tenho consiência de que vai ser bastante caro. ^.^'
A viagem foi ótima, revi pessoas que amo muito (e estava morrendo de saudades!), e passei momentos muito felizes com minha família. Mas, como aprendi a evitar fotos das crianças online, dessa parte não vai ter fotinhas aqui.
Na verdade, as únicas fotos que tirei no dia do show foram essa selfie com minha querida Aline e uma do palco antes do show começar. Quando iniciou, tudo o que eu queria era estar presente naquele momento, então guardei o celular e só peguei de volta quando tudo acabou. Eu sabia que outras pessoas filmariam e eu ia poder rever tudo depois rsrs
Turbulence - Ateez em São Paulo, 26/08/2023
filmado pela Aline.
No canal do YouTube T-Amy TKSSOexiste umaPlaylistcom vários vídeos do show no Brasil. Vale muito a pena assistir <3
E tem alguns momentos bem especiais desse show registrados no TikTok:
- Nós gritando "ATEEZ PRESENT!" com o Hongjoong, vídeo de Iktobio;
- Atinys cobrindo o High note do Jongho em Wonderland, vídeo de Lay;
- O fanchant de "BREAK THE WALL" no Brasil, o maior que já se viu \o/ (até então, pelo menos), vídeo de mary anna;
- Compilado de momentos especiais/interações do show em São Paulo pro coração ficar quentinho, vídeo de Nath.
Ontem me indicaram e eu ouvi esse episódio do Mamilos.
Ele começou como alguém me pegar pelos ombros e sacudir com força pra depois terminar como um abraço quentinho que me ajudou a esperançar a vida.
A sensação de não-lugar que me habita desde sempre, de inadequação, de não pertencimento, teve um novo olhar aplicado sobre si depois de presenciar esse diálogo. E esperançar é algo essencial pra minha vivência.
O quentinho no coração de conseguir olhar, como o que parece ser pela primeira vez, pras minhas caracterírsticas pessoais, minhas estranhezas, minhas ferramentas de sobrevivência de uma perspectiva só minha. Despida do olhar carregado do que me parecem ser as expectativas das pessoas à minha volta, dos padrões desejados pelas redes sociais, das vozes alheias que por anos a fio habitaram minha mente.
E, de repente, conseguir me perceber com os meus sentidos que estiveram esquecidos: aqueles que poderiam passar - com alegria - horas assistindo passarinhos existindo no quintal, vendo as nuvens percorrerem seu caminho, ouvindo o móbile de som mais lindo que já presenciei ressoar pela varanda da fazenda da minha avó enquanto sentia a brisa passando pelo meu corpo deitado na rede.
Me expressar artisticamente é ferramenta de sobrevivência psíquica, acho que já falei sobre isso algumas vezes aqui. Mas eu ainda assim me sentia deslocada fazendo. Seguia em frente sempre lutando contra as vozes internas que me falavam o quanto eu não era boa o suficiente pra isso.
Ontem, depois do podcast, eu consegui sentir pela primeira vez o desejo de fazer minhas coisas com a leveza de não ser acompanhada por essas vozes. Sem a sensação física de peso sobre os ombros.
Pela primeira vez em nem sei quanto tempo, senti que eu não era "um objeto com defeito de fabricação". Sou apenas eu e, dessa vez conseguindo sentir isso genuinamente, tá tudo bem ser assim.
Escrevo isso ouvindo a voz encantadora de Agnes Nunes me nutrir por dentro. Vou falar um pouco sobre ela logo mais.
Um abraço a quem, talvez, venha a ler isso!
Torço pra que vc se dê a oportunidade de ouvir esse cast também.
Um tempo atrás estávamos eu e um amigo dialogando sobre o peso das cobranças da sociedade em adultecer. Sobre o quanto ficamos presos a pagar boletos, cumprir horários e suprir as expectativas das outras pessoas, ao invés de simplesmente existir, sentir a natureza, fazer coisas que nos tocam emocionalmente - como com a leveza que tínhamos em experimentar o mundo quando crianças.
Vivendo de ansiedades e futuros ao invés de sentir o momento presente. Sobre a dificuldade em fazer novos amigues adultes que de fato estejam buscando conexão emocional ao invés de só falar de sexo/bebidas e a sensação de inadequação sobre buscar amigues crianças (porque é estranho e socialmente questionável uma pessoa adulta querendo ser amiga das crianças lá). Ele falando da vivência dele enquanto pessoa atípica e queer na sociedade alemã e eu sobre minhas vivências daqui.
Essa conversa ficou reverberando dentro de mim e tive o impulso em escrever a respeito. Saiu em inglês poque é o idioma em que a gente conversa e é a textura das palavras que estavam precisando surgir naquele momento.
Foi uma experiência muito interessante porque eu sempre escrevi poesia apenas sobre os meus sentimentos/sensações e dessa vez o que saiu foi uma mistura das minhas e das dele. Fiquei com o coração quentinho no processo.
Observações aleatórias: a foto foi feita por mim segurando uma florzinha muito cheirosa que encontrei no chão caminhando para a terapia - aparentemente é uma frangipani (plumeria), pelo que consegui pesquisar. E essas são minhas sempre curtas unhas, pintadas pela primeira vez desde que estava grávida da Saphira (tem uns 5 anos isso). Eu tava querendo colocar um pouco mais de cor no meu dia a dia e o momento pareceu propício.
Shaolin Qi Gong 🙆🏻♂️ 20 Minute Daily Morning Routine
🙆🏻♀️ 八段锦 Ba Duan Jin (Complete Form)
Nos processos que atravessei nos últimos dois meses acabei adoecendo um bocado física e psiquicamente e nas últimas semanas fiquei fora tanto das aulas de dança quanto dos treinos de Muaythai.
Semana passada tentei voltar pro thai, mas depois do aquecimento eu já estava passando mal e voltei pra casa direto pra usar a bombinha e recuperar o fôlego.
O Joel me sugeriu procurar alguma outra prática menos extenuante pra ir reconectando meu corpo, recuperando meu condicionamento e tornar mais possível o retorno pras minhas atividades. Achei essa uma sugestão muito válida e, peculiarmente, no mesmo dia o Youtube me recomendou o vídeo que compartilhei acima.
É uma prática que fiz algumas vezes desde então e realmente achei maravilhosa. Tem me reconectado com minha consciência corporal, execução atenta de movimentos, reconstrução de equilíbrio, controle respiratório. E também um prato cheio pra quem, como eu, busca aprender a estar mentalmente mais presente enquanto trabalha o corpo inteiro no processo.
Nerd que sou gosto muito de me aprofundar na origem e fundamentação teórica das coisas que me tocam, ainda vou fazer esse mergulho com Shaolin Qi Gong. Talvez compartilhe mais sobre isso aqui no futuro.
Mas hoje decidi falar sobre essa prática por outro motivo. Depois de realizar hoje de manhã eu senti uma coisa que só consigo descrever como: um profundo desejo de priorizar as prioridades. Acho essa frase meio estranha, mas não tenho uma melhor no momento. Cresci numa família praticante do Budismo de Nichiren Daishonin, vinculada à BSGI. É uma filosofia de vida linda, humanista, da qual vem muitos dos meus valores enquanto pessoa. Mas eu tive uma relação ambivalente com minha prática em diversos momentos da vida.
Ao longo do tempo, inclusive nos últimos meses, atravessei o sentimento de não ser boa o suficiente, como se eu não fosse merecedora de uma filosofia como essa, de ocupar esse espaço. O que é racionalmente um tanto incoerente, considerando que essa vertente considera que todos os seres tem o estado de buda (iluminação) latente em si, e que podem, ainda nessa existência, alcançar esse estado por meio de fé, prática e estudo consistentes.
Minha mãe sempre foi uma praticante assídua e de fé inabalável. Reanalisando minha história, percebo que volta e meia eu me rendo à sensação de que não tenho condições de dar continuidade nesse legado na magnitude que ela realizava e isso me leva ao antigo sentimento de insuficiência.
É louco como algumas sensações e reações acabam sempre voltando. O que eu sinto que posso fazer é, essencialmente, descobrir/desenvolver novas ferramentas pra lidar com elas de maneira mais saudável.
Mas fato é que hoje de manhã, depois de praticar o Qi Gong, eu senti um desejo muito grande de realizar meu Daimoku e Gongyo (orações principal e complementar do Budismo Nchiren). De ter mais esse reencontro com algo que me faz muito bem e reafirmar pra mim mesma que eu mereço sim praticar e fazer parte deste movimento pela paz. De priorizar essa prática que me torna uma pessoa melhor e mais capacitada pra lidar com os outros aspectos da minha vida forma mais sábia, corajosa, determinada.
Esperançar é essencial pra mim. Estender essa esperança a mim mesma, acreditar na minha capacidade e merecimento, são coisas que eu tenho buscado voltar a colocar em prática.
[Postagem que fiz no meu Instagram dia 01/03/2023]
Dia 28/2/23 completou um ano do falecimento da minha avó Maria e dia 18/3/23 vai fazer um ano do falecimento da minha mãe, Terezinha.
Eu queria vir aqui pra falar somente das coisas boas, do legado de empatia, resiliência e respeito que elas deixaram. Mas a real é que nas últimas semanas o que eu tenho tido disponível são uma saudade imensa e dolorosa, e um nó na garganta que vai e volta em meio a inúmeras lágrimas.
Então eu fiz o que eu tenho feito nesse último ano e usei alguma das modalidades artísticas que eu amo pra colocar pra fora um pouco disso tudo.
O canto, a dança e o desenho não são pra mim simplesmente diversão, são meio de sobrevivência. Por um lado eu gostaria de só me divertir também, mas eu sou muito grata pela chance de poder usar essas ferramentas de qualquer forma.
Mãe, vó, amo vocês ❤️
Nesses 365, não teve um dia em que eu não me lembrasse de vcs. Só torço pra que, com o tempo, a dor diminua mais e fique só o coração quentinho pelo amor que vcs trouxeram pra minha vida. Já tá menor que no começo, mas ainda tenho bastante processo pela frente.
[Fim da postagem]
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Música: Gravity
Artista: Jongho (Ateez)
Álbum: Reborn Rich (Original Soundtrack)
Lançamento: 2023
Seguindo meu processo a esse respeito, no dia 02/03/23 eu decidi gravar uma dança freestyle usando a música Gravity porque ela mexe comigo de muitas formas. As duas únicas coisas que eu tinha certeza tecnicamente antes de começar era que eu gostaria de utilizar mais movimentos com as pernas e de fazer o movimento de "abrir de asas" no verso Deny your gravity. Pra mim, no momento, negar a gravidade é buscar liberdade pra ser eu mesma, pra ser inteira, com dores/belezas/processos e não linearidades.
Gravar freestyle foi uma sugestão do meu professor de dança e tem sido um processo de autoconhecimento também. Porque quando estou lá as coisas vem naturalmente e depois quando eu assisto é que descubro realmente o que fiz.
Sinto um pouco de vergonha por reconhecer meu repertório de dança tão reduzido, pela baixa qualidade do vídeo, pelo espaço pequeno e um tanto inadequado em que eu tive que tomar cuidado pra não trombar no guarda-roupa nem na cama, mas esse momento foi muito importante pra mim independente de qualquer dessas coisas.
Como falei na postagem do Insta, a música, a dança, tem sido ferramentas de sobrevivência no meu processo de existir e me reconstruir. Na minha busca de sentir a presença delas apesar da saudade, de me permitir ser inteira apesar das amarras do trauma e consequente modo de defesa.
Eu quase chorei enquanto dançava. Eu chorei bastante após terminar de dançar. Lágrimas que me lavaram por dentro do peso que eu estava sentindo naquele momento.
Consegui assistir a gravação do freestyle que fiz de Fever (Enhypen) sobre a qual falei na minha postagem de 24 de fevereiro de 2023, mas sigo não me sentindo em condições de compartilhar o vídeo. Escrever aquele texto também me lavou por dentro de uma forma que me fez sentir mais segura pra encarar aquele registro meu e a dançar diante da câmera de novo dias depois. Escrever também faz parte do meu processo de cura. Mesmo que ninguém leia, mesmo que ninguém saiba (apesar de esse blog ser de visualização pública), registrar o processo em palavras, voz e movimento já faz mágica acontecer.