sábado, 11 de junho de 2011

Blackbird

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Há uma triste garoa
há um réquiem de muitos silêncios
há uma homenagem solene
para uma revoada de melros mortos
Há alguns suicídios por tédio
há a gênese de novos tumores
há escolha para síndicos de prédios
para uma revoada de melros mortos
Há uma dança macabra
há um cortejo fúnebre
há amigos de muitas solidões
para uma revoada de melros mortos
Há um chorar condoído
há rumores apocalípticos
há adágios para o nascer do dia
para uma revoada de melros mortos
Há glaciares se derretendo
há muitos olhares incrédulos
há destinos se precipitando
para uma revoada de melros mortos
Há uma bandeira à meio-mastro
há transatlânticos ancorados no porto
há rancores multiplicados entre nuvens
para uma revoada de melros mortos
Há canções para o morrer da noite
há tremores de mais asas débeis
há impenetráveis cegueiras vivas
para uma revoada de melros mortos.

§
Por Reinaldo Ramos. Ele tem um blog para quem se interessar por conhecer mais do trabalho.
Conheci esta poesia em visita ao coletivo de literatura O Bule, recomendo muito a visita!

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