Ontem, 05/05/2022 foi a Cerimônia de 49º dia de falecimento da minha mãe. E eu escrevi algumas palavras pra ocasião que eu quero deixar registradas aqui:
Vovó Maria e minha mãe, Terezinha. |
Boa noite pessoal.
Eu pensei um bocado sobre o que eu falaria na cerimônia hoje,
sobre o quê do legado da nossa mãe eu ia querer ressaltar e decidi falar sobre
duas coisas que sempre foram muito fortes nela e que me marcam muito todos os
dias: sua solidariedade e esperança nas pessoas.
Desde criança eu vi a mãe doando seu tempo, seu afeto, suas
coisas para apoiar quem estivesse precisando. Aprendemos no Budismo Nichiren Daishonin
que não se tem verdadeira felicidade sozinho. Que construímos a felicidade
quando buscamos ela pra gente e pras pessoas a nossa volta. Eu vi minha mãe
realizar isso ao longo de toda a vida dela de diversas formas. Ela não era
perfeita, era uma pessoa com qualidades e defeitos, como eu e você, mas sempre
buscou fazer o melhor que pudesse. E fico feliz em dizer que grande parte dos
objetos dela como roupas, livros e materiais de artesanato foram doados e já
estão sendo apoio para diversas pessoas, como ela sempre presou em fazer. Não é
questão de agir para ser bonito, “pra ficar bem na fita”, é questão de se
importar sinceramente com o bem-estar das pessoas e fazer algo que esteja ao
nosso alcance no dia a dia. É se fazer abraço, ouvido atento ou outro tipo de
apoio para alguém que esteja precisando, dentro do que seja possível e saudável
pra gente no momento.
A outra coisa que eu quero falar é sobre a contínua esperança
dela nas pessoas. Na sociedade, no futuro. Vivemos em um momento histórico bastante
violento, com muitas demonstrações de falta de respeito e de humanidade por
tantas instituições e pessoas. Mas ela nunca deixou de crer no potencial ao bem
das pessoas em geral. E ela sempre procurou tratar a todos com respeito e
cordialidade por causa disso. Eu aprendi com minha mãe e com o Budismo que se a
gente quer que algo mude, precisamos iniciar em nós a mudança. Não importa que
todo mundo a nossa volta esteja fazendo as coisas da maneira errada ou ilegal,
nós vamos fazer o certo porque sabemos que é o certo – mesmo que mais ninguém
faça. Isso pode ser solitário as vezes, mas é o estilo de vida que eu escolhi
pra mim também porque eu sei que meu exemplo, como o dela, uma hora vai tocar
alguém. E esse alguém vai passar a agir de maneira mais esperançosa e íntegra,
tocando uma outra pessoa. E assim por diante. Você que está me ouvindo merece
respeito e afeto. As outras pessoas também merecem respeito e afeto. A gente
merece um mundo melhor pra nós, pras nossas crianças e pra todas as outras
pessoas.
Nutrir esperança é um ato revolucionário, que pode ser
difícil de gerenciar na nossa época, mas é uma escolha que pode nos levar a
futuros mais felizes.
Então eu venho te fazer um convite: o que você, hoje, com o
que vc tem, pode fazer pra cuidar melhor de você e de alguém a sua volta? A
gente merece ser feliz em meio as ondas que a vida nos traz, boas e ruins.
Acolher e ser acolhida, chorar quando preciso, sorrir sempre que der. Vamo junto?
Um abraço apertado e quentinho em cada um de vocês e muito
obrigada por estarem aqui hoje com a gente.
Como seres humanos estamos passíveis a erros, fazemos merda como todo mundo. Mas o desejo de fazer as coisas da melhor maneira possível está lá e é o foco. Relendo, a frase me pareceu bastante presunçosa e eu senti a necessidade de fazer esse ajuste.