domingo, 7 de dezembro de 2014

Gaslight e a naturalização da mulher como descontrolada emocionalmente

Para reflexão. 

Passei por isso ao longo de 7 anos pensando que eu era louca antes de compreender como funcionava o Gaslight. Acho que pode colaborar para que outras pessoas compreendam, livrem-se disso e lutem contra investidas futuras.


Gaslight e a naturalização da mulher como descontrolada emocionalmente

Existe uma naturalização de que a mulher é exagerada, emocional demais, e é normal a gente ver as próprias mulheres aceitando estas características como próprias delas, e esta aceitação tácita destas características é tudo que o machismo precisa para violentá-la sem que ela consiga entender o que esta acontecendo, e ainda de brinde para o machista, culpar-se, por que afinal, as mulheres são assim mesmo, né? Exageradas.
- Você é tão sensível!
- Você é tão emocional!
- Você está sempre na defensiva!
- Você está exagerando!
- Acalme-se!
- Relaxe!
- Pare você está pirando!
- Você está louca!
- Eu estava apenas brincando, você não tem um senso de humor?
- Você é tão dramática.
- Você é tão estúpida!
- Ninguém vai querer você!
Soa familiar?
Se você é mulher, provavelmente seu companheiro já fez isso, ou faz. A probabilidade de a mulher ser a vitima deste tipo de violência, que chama se GASLIGHT, é infinitamente maior para mulher devido ao sexismo e machismo, que trata a mulher com desqualificação, inferiorização e descrédito. Basta notar que, é divulgado massivamente que os homens são racionais e as mulheres emocionais, mas não dizem que as mulheres têm uma inteligência emocional, trata se de uma desqualificação, o que quer dizer se com isso é que elas são descontroladas emocionalmente, ou seja, os homens são superiores, eles devem ter crédito e as mulheres não.
Este é um tipo de manipulação emocional que alimenta uma verdadeira epidemia no mundo, uma epidemia que define as mulheres como loucas e irracionais, excessivamente sensíveis, desequilibradas... Esta epidemia ajuda a alimentar a idéia de que as mulheres diante de qualquer menor provocação perdem o controle de suas emoções, e isto é MENTIRA.
Os homens têm usado este tipo de manipulação emocional, embasada no machismo, para manterem se privilegiados nos relacionamentos, assim eles podem errar a vontade, trair acordos, fazer piadas depreciativas da companheira, humilhar, etc. que no final das contas, o discurso será sempre o mesmo: "Você esta exagerando, eu estava apenas brincando..." E a mulher pensa "Realmente, acho que estou exagerando" e fica ali sendo ferida, esmagada, tendo a autoestima destruída dia após dia, sem forças para reagir, por que entende se culpadas das situações. Às vezes, é tão convencida disso, que a agredida, é quem pede desculpas ao agressor, sentindo se aliviada por ele ter perdoado. O homem assume um papel de Deus sádico na vida da mulher, dispondo dela como bem entender.
Um exemplo fácil de ser encontrado é quando o homem usa alguma característica física da mulher, e faz comentários depreciativos, como piadas a respeito do peso dela, para logo em seguida, quando a mesma reage, dizer a ela que ela esta exagerando e que ele estava apenas brincando.
O gaslight pode ser algo muito sutil, tão simples como alguém sorrindo e dizendo algo como: "Você é tão sensível". Tal comentário pode parecer inócuo o suficiente, mas, naquele momento, o orador está fazendo um julgamento sobre como alguém deve se sentir. A desqualificação das percepções e sentimentos da outra pessoa é uma violência emocional.
É muito mais fácil manipular emocionalmente uma pessoa que tem sido condicionada pela nossa sociedade a aceitá-la. Provavelmente algumas mulheres pensarão que por serem mulheres empoderadas, fortes, independentes... Não serão alvo deste tipo de violência, é importante dizer que todas estamos à mercê disso, por que é muito difícil diagnosticar o quadro, não esperamos que a pessoa que amamos, escolhemos para viver ao nosso lado e dividir a vida, nos trate desta forma, e por isso seguimos desculpando e aceitando a situação, quando não nos culpamos pela mesma.
O GASLIGHT rouba da mulher sua arma mais poderosa, ele rouba sua voz. Notem que muitas vezes ao fazermos cobranças aos nossos companheiros, namorados, maridos... Nós tentamos fazer de uma forma meiga, calma, quase como se nos desculpássemos por chamar atenção deles sobre algo que nos incomoda, e desta forma as mulheres vão tornando-se seres passivos, seres não assertivos, não combativos, presas fáceis para todos os tipos de violência machista. E é com este tipo de desqualificação da sanidade da mulher que o machismo também desconstrói a possibilidade de independência delas, afinal se são tão vulneráveis emocionalmente, como poderão alçar cargos elevados dentro de empresas, ou grandes responsabilidade, postos de liderança, não é mesmo? É muito valioso para manutenção dos privilégios dos homens tratarem as mulheres como desequilibradas, naturalizando estas características como inerente a elas.
O homem que faz isso é machista e covarde. O homem que faz isso, não faz de maneira não intencional, ele sabe que esta ferindo a companheira e a cada dia é mais complicado pedir aos homens para que observem suas atitudes, para que parem de praticar violências machistas, pois grande parte da população masculina esta comprometida em defender seus privilégios, mas esperamos que este tipo de leitura, além de esclarecer as mulheres para que possam se defender, também conscientize os homens.

Texto de Verinha Kollontai com o qual me identifiquei profundamente. Se quiserem conhecer mais, ela possui inúmeras outras reflexões em sua página do Facebook

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domingo, 23 de novembro de 2014

Eu me proponho: Um dia de cada vez

Após o meu desabafo exasperado sobre a bestialidade humana, não estava me sentindo preparada para fortes emoções novamente e decidi postar algo que já estava quase pronto - o próximo componente do Especial Cordas, Loreena McKennitt.

Agora já tive tempo para respirar e botar minha cabeça no prumo para o assunto anterior. E o fato é que não quero postar simplesmente os relatos de inumanidade, quero me concentrar em maneiras de ajudar a resolver o problema. Coisas que possam ajudar a abrir os olhos para novas maneiras de se encarar a relação com as outras pessoas, com o meio ambiente, com a vida - seja ela humana ou não.

Vou começar pegando emprestadas palavras do senhor Daisaku Ikeda no poema "Paz é o florir da essência humana": 

Paz é luta ininterrupta
Que transforma desesperança em esperança.
Que jamais deixa de confiar no ser humano.
É uma ode ao ser humano que respeita e
Valoriza ao máximo a vida de si e a de todos.
...
Paz não é equilíbrio do poder bélico.
Paz é o florir da natureza humana.
Para isso, é necessário arar o coração com a cultura,
Desenvolver as sementes do humanismo
Por meio da educação,
Construir pontes de amizade entre cada um dos países
Com o intercâmbio humano.
...
Uma vez que as armas nucleares e seu sistema
Foram criados pelas mãos do ser humano,
Não há como não reduzi-las e extingui-las
Pelas mãos do ser humano.
O bem enfraquecido veio sempre sendo
Derrotado pelo mal fortalecido.
Haverá paz perene
Quando transformarmos esse destino.
Não há outra forma
Senão expandir a influência e a
Solidariedade da fortaleza do bem.
O bem que luta radicalmente
Contra o mal e o vence.
...
São as pessoas que
Independentemente se há alguém olhando ou não
Expandem tácita e silenciosamente a amizade.
São as pessoas do povo,
Que vivem a incentivar os amigos,
Que estão construindo
Uma sociedade sem violência!
São estas pessoas anônimas que estão
Na vanguarda da correnteza da história mundial.

(Poema publicado no jornal Brasil Seikyo, edição 2240, de 23 de agosto de 2014) 

Cada um se responsabilizando por ter integridade e respeito na sua maneira de agir com os outros/diante da vida, independente de ter alguém olhando ou não - como ele falou, é a também a minha proposta para mudarmos as atrocidades que temos visto todos os dias.

Eu sei, eu sou apenas uma. E quem estiver lendo é também apenas uma única pessoa. Mas nós estamos iniciando uma onda. Um movimento em prol de um futuro melhor a partir de hoje

Podemos ser FELIZES HOJE. Podemos RESPEITAR HOJE. Como numa das diretrizes do Alcoólicos Anônimos: um dia de cada vez! Não iremos mudar o mundo inteiro de hoje para amanhã, mas podemos no dia de hoje agir em prol disso. E se cada um fizer a sua parte, logo a diferença será visível.

Eu sinceramente acredito nisso.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Especial Cordas 6 - Loreena McKennitt


Fonte da imagem
Multi-instrumentista, cantora e compositora, Loreena McKennitt é uma ruivinha canadense com ar tímido e muita criatividade. No site de sua produtora (criada por ela para produzir os próprios trabalhos), Quinlan Road, é classificada no estilo "celta eclético" mas vou colocar também as palavras de um amigo chamado Nilson a respeito dela: 
"Gosto muito, já tive todos os álbuns (são poucos), sei um pouco da biografia dela. Ela é demais. Canta muito bem, o tipo de música dela tinha o rótulo comercial de World music. E nessa explosão comercial de World music ela conseguiu ficar muito famosa mundo afora e ganhar $$. Loreena é excelente, só tenho problema com algumas letras dela porque não gosto por nada de temas sobre natal etc... Tem muitos que fazem esse tipo de música. Pesquisam estrutura, estilos de musica tradicionais de diferentes culturas com diferentes instrumentos e daí fazem um mosaico moderno. Mas pra isso ficar bom tem que ser sobretudo um excelente compositor, se não vira uma música Frankestein."


         
The Mystic's Dream
Fonte: tomHD88

The Mummer's Dance

Santiago
Fonte: tomHD88

The dark night of the soul

Caravanserai

Dante's Prayer 
Fonte: Mcsclion

Achei algumas ilustrações feitas da Loreena internet a fora, mas esta abaixo foi a mais fofa e verossímil quanto ao olhar e ao sorriso dela :)  

Fonte: GeorgeD 
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Perdeu as partes anteriores do especial? Veja aqui: Vanessa Mae, Angels of Venice, Bond, David Garrett e Apocalyptica.

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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sobre a bestialidade humana


SÍRIA 
(LEGENDADO)






*As frases acima são links para as respectivas reportagens


O quê, em nome de qualquer divindade em que se acredite, faria as pessoas pensarem que podem simplesmente surrar a outras e tirar vidas???
O que passa na cabeça dessas criaturas selvagens – para mim no momento não merecem ser chamadas de humanos – para pensarem que tem o direito de agredir aos outros de maneira tão violenta?? Sejam as vítimas homens, mulheres ou crianças, de qualquer cor/nacionalidade/opção sexual, ou os animais, o que faz alguém achar que tem o “direito” ou mesmo o “dever” de agredir física ou psicologicamente aos outros assim??

EU NÃO CONSIGO ENTENDER! 
NÃO FAZ O MENOR SENTIDO PARA MIM!

A alguns anos parei de assistir aos noticiários televisivos pois eles me mostravam coisas que me faziam perder a fé na humanidade.
O estopim para tomar essa decisão aconteceu após passar quase 12h vidrada em frente à televisão acompanhando a cobertura completa sobre o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. O que poderia levar alguém a odiar tanto aos outros e a sí a ponto de se matar e levar consigo centenas, milhares e, em outros tipos de ataques até milhões, de pessoas consigo?? Eu não consegui entender a resposta para isso na época e ainda não consigo agora. Nenhuma crença religiosa, científica ou política justifica para mim agir violentamente para com outras pessoas. 

Dei apenas alguns poucos exemplos de bestialidade no início do post mas, de maneira extremamente infeliz, existem centenas de outros exemplos – milhares se formos buscar na história da humanidade a longo prazo.

Desejo contribuir de alguma maneira para a re-humanização das pessoas. Não sei exatamente como, mas eu quero ainda assim.

A medida em que for encontrando coisas que me pareçam de alguma forma ajudar vou compartilhando aqui. Gostaria de já ter algo a dizer, mas estou sem palavras no momento.

Ainda assim, estou fazendo um compromisso comigo mesma de ajudar como eu puder. Porque um dia quero ter filhos e não quero que eles presenciem horrores como esses. Porque eu tenho amor pelo mundo, pelas pessoas e pelos animais desde criança e eu quero colaborar de alguma forma para que os seres sintam a felicidade de ser respeitados. 

Eu quero ser feliz. E quero que a felicidade alcance o maio número de indivíduos possível.

Ser feliz em conjunto me parece muito melhor.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"Minha primeira vez" - por Clara em Lugar de Mulher

TW: estupro
Eu tinha 13 e era fã de Skid Row, Faith No More e Ramones. Pintava os cabelos de preto azulado, usava um piercing no nariz e era gamada num menino cujo apelido era Samurai.
Ele era mais velho, tinha uns 16, e não era da minha escola.
Tinha uma festa e seria na casa do tio de um colega.
Me arrumei toda linda & roqueira com aquele meu cabelo até a cintura e minha camiseta dos Ramones e fui. Cheguei e procurei Samurai de cara. Ele nunca tinha me dado bola, mas eu sabia que tinha crescido naquele ano e que ele talvez me notasse. Eu tinha até peitos! Vai que, né?
A casa tinha uma piscina e um bar lá atrás.
E foi pra lá que eu fui. Era onde estavam os meninos mais velhos, né? O que eu ia querer com os pirralhos da escola?
E foi lá que eu tomei minha primeira dose de uísque. E a segunda, e a terceira e outras.
E foi lá que eu finalmente consegui beijar o objeto do meu desejo, depois de tanto tempo.
E foi lá, no banheirinho da casa dos fundos ao lado da piscina, que eu fui estuprada.
Não foi o Samurai.
Mas os moços que lá estavam acharam que ora, se essa menina está bêbada e praticamente desacordada depois de vomitar muito, é claro que vamos passar a mão. Vamos levar pro banheiro. Vamos abusar e enfiar garrafas nela, porque ela não devia ter dado esse mole de beber tanto perto dos meninos mais velhos. Quem mandou dar mole?
Ainda me largaram de cara na pia e eu fiquei com o olho direito roxo.
Eu não sabia que a culpa não era minha. Eu não sabia que eles deviam ser punidos. FIquei com raiva e culpa. Mas não fiquei com vergonha.
Segunda-feira, quando cheguei na escola, a história tinha se espalhado. E sabe qual era a história?
A Clara é uma vagabunda e deu pra três no banheiro da festa.
TODA a escola estava falando isso, com exceção de uma garota mais velha, que me disse que eu não deveria ficar triste. Mas eu não estava triste, eu estava era achando todo mundo muito babaca e morrendo de raiva. Como é que essas pessoas estavam falando isso? Como é que elas podiam afirmar o que tinha acontecido? Por que ninguém me perguntou nada? Ora, era a Clara, a maluquinha, a filha de artista, a que não se importava com a opinião dos outros, devia ser verdade.
Esse foi o momento em que eu vi que o mundo era escroto. Esse foi o dia que eu lembro nitidamente de olhar pra toda aquela gente falando de mim no intervalo e pensar: NINGUÉM SABE NADA.
Com 13 anos eu fui estuprada.
Eu só falei pros meus pais anos depois porque achei que eles também me culpariam. Achei que eles ficariam putos comigo e que eu não poderia mais sair. Achei um monte de coisas erradas. A coisa mais errada disso tudo foi achar que a culpa tinha sido minha. Que eu não deveria ter bebido. Que eu não deveria ter ficado no meio desses caras. Que eu “ter peitos” e querer ser notada e parecer mais velha era parte do problema.
Eu só soube que a culpa não era minha muitos, muitos anos depois. Depois dos 15, depois dos 20, depois até dos 30.
Não vou entrar nos detalhes das sequelas emocionais que esse evento me deixou. Não vou contar de alguns traumas que tenho até hoje por causa de uns caras que muito provavelmente não têm sequer noção do que fizeram. Pode até ser que eles tenham família e filhos hoje, pode ser  que lembrem disso como “uma menina bêbada que zoaram numa festa”, coisa de adolescente.
Isso aconteceu há 22 anos.
Nada mudou. Acho até que piorou. Se tivesse acontecido hoje, eles provavelmente teriam registrado e espalhado, como fizeram esses babacas em Pinhal, no mesmo Rio Grande do Sul onde nasci.
E o que esses babacas estão dizendo?

O ciclo sem fim de culpar a vítima. 74 pessoas curtiram isso.Ela estava pedindo. Ela tinha bebido. Se ela foi para uma casa com uns caras é porque estava querendo.
Ainda não ensinaram os meninos a não estuprar. Ainda não ensinaram a eles que as mulheres não são corpos disponíveis. Ainda não ensinaram que quem cala não consente. Ainda não ensinaram que isso é crime.
Não, não são as meninas que têm que se cuidar porque “sabem como são os meninos” Não, isso não é instinto. Não, isso não é normal.
Isso é a nossa sociedade misógina punindo as mulheres desde cedo. “Tri de boa”, com outras meninas reproduzindo essa cultura nojenta de culpar a vítima, porque também não ensinaram a elas que pode acontecer a qualquer uma.
Isso tem que ter fim.
Contar a minha história depois de tanto tempo é romper com um silêncio que deveria ter sido rompido na época e que não deve persistir.
A culpa nunca, nunca, nunca, nunca, nunca é da vítima.
Toda a minha força e meu amor pra essa menina que foi estuprada por esses imbecis. Espero que ela esteja bem cuidada e tenha consciência de que a culpa não foi dela.
Não vai ficar tri de boa não, filhotes. Chega disso.
tags: cultura do estupro, estupro, impunidade, tri de boa o caralho

O que coloquei acima a reprodução completa do post "Minha primeira vez" da Clara no blog Lugar de Mulher
Pode parecer estranho eu copiar um post inteiro, mas nesse caso não tenho como retirar apenas partes. A maneira como ela narrou todo o contexto e as reflexões que fez a respeito me parecem muito importantes juntas para a compreensão. 
E, acima de tudo, coloquei o relato inteiro porque eu sei que aconteceram e acontecem inúmeros casos semelhantes e muitas vezes as vítimas nem sabem como colocar em palavras. Muitas vezes as vítimas de fato só descobrem que a culpa não é delas muitos anos depois. Casos de estupro, de abuso psicológico de cunho sexual, entre tantas outras violências que são colocadas como algo "normal", como motivo de status positivo - "os garanhões" fazendo a festa da maneira deles. E as "vadiazinhas que "só podiam mesmo estar querendo" tem de se virar para viver com as cicatrizes da violência pelo resto da vida.
Eu também cresci sendo influenciada pelo pensamento coletivo de que isso tudo faz parte da sociedade. Eu cheguei a pensar "poxa, mas com uma roupa dessas também ela está pedindo pra ser atacada". Mas hoje eu SEI que os homens e os meninos não são animais selvagens que não podem ver "um pedaço de carne" - as mulheres e meninas - e não  atacar. 
Os homens andarem sem camisa - só de bermuda - está tudo certo, porque então as garotas não poderiam vestir regata e andar de shortinho pra sobreviver ao calor que está abrasando a todos os seres humanos da mesma maneira. Esse é um exemplo pequeno e bobo, mas que mostra também a linha de pensamento mais comum. Assim como os dois exemplos que citei na atualização desse post.
Para Reila Miranda, chef e coordenadora do espaço Casa da Borboleta, que apoia o parto humanizado e a maternidade ativa, as tentativas de proibir a amamentação em público estão ligadas a uma visão deturpada do corpo da mulher, em que mostrar o seio para alimentar um filho é um ato sexual.
— Constrange uma mulher amamentar uma criança porque é mais bonito abrir a bolsa e dar uma mamadeira, em vez de expor o seio. Porque essa é uma parte do corpo para o sexo, mostrada durante o Carnaval, de acordo com essa cultura em que vivemos, em que tudo é objeto.
A opinião de Reila condiz com o relato de Priscila.
— Quando o caso saiu na mídia eu recebi recados no Facebook de homens pedindo para mamar também.
A coordenadora da Casa da Borboleta considera chocante a necessidade de um projeto de lei, proposto no final de 2013, que prevê multas a locais que tentem impedir uma mulher de amamentar, e recomenda que as mães fiquem munidas de informações para que, caso abordadas de maneira constrangedora, não sejam privadas de seus direitos.

É triste e degradante, mas não precisa continuar assim. Por isso eu tenho procurado conhecer mais, dar meu apoio e divulgar projetos como o HeForShe. Meu desejo é que desde já ninguém mais sofra com isso e que mudemos para as próximas gerações não precisarem conhecer situações como essas. 

A humanidade merece algo melhor do que cultivar a violência.

domingo, 28 de setembro de 2014

HeForShe - Buscando a igualdade de gênero

Serei absolutamente sincera: eu concordo extremamente com o discurso da Emma Watson (realizado em 20 de setembro de 2014) e com a proposta da campanha HeForShe buscando a igualdade de gêneros. Não vou me prolongar porque creio que o discurso já diz muito do que eu gostaria de dizer. E o que ele não diz, o vídeo seguinte completa.

Por favor, sei que parece um texto muito longo, mas façamos um esforço pois essa mudança é essencial e urgente. Pelo bem das meninas e mulheres e também dos meninos e homens. 
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Emma Watson HeForShe Speech at 
the United Nations | UN Women 2014

Fonte: HeForShe
"Hoje estamos aqui lançando a campanha HeForShe. Eu estou falando com vocês porque precisamos de ajuda. Queremos acabar com a desigualdade de gêneros - e pra fazer isso, todo mundo precisa estar envolvido.
Essa é a primeira campanha desse tipo na ONU. Precisamos mobilizar tantos homens e garotos quanto possível para a mudança. Não queremos só falar sobre isso. Queremos tentar e ter certeza que é tangível.
Eu fui apontada como embaixadora da boa vontade para a ONU Mulheres há seis meses e quanto mais eu falava sobre feminismo, mais eu me dava conta que lutar pelos direitos das mulheres muitas vezes virou sinônimo de odiar os homens. Se tem uma coisa que eu tenho certeza é que isso tem que parar. Para registro, feminismo, por definição é a crença de que homens e mulheres devem ter oportunidades e direitos iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social entre os sexos.
Eu comecei a questionar as suposições baseadas em gênero quando eu tinha oito anos, fui chamada de mandona porque eu queria dirigir uma peça para nossos pais - mas os meninos não foram.
Aos quatorze anos, sendo sexualizada por membros da imprensa.
Com quinze anos, minhas amigas começaram a sair dos times esportivos porque não queriam parecer masculinas.
Aos 18, meus amigos homens não podiam expressar seus sentimentos.
Eu decidi que eu era uma feminista. Isso não parecia complicado pra mim. Mas minhas pesquisas recentes mostraram que feminismo virou uma palavra não muito popular. Aparentemente, eu estou entre as mulheres que são vistas como muito fortes, muito agressivas, anti homens, não atraentes.
Por que essa palavra se tornou tão impopular? Eu sou da Inglaterra e eu acho que é direito que me paguem o mesmo tanto que meus colegas de trabalho do sexo masculino. Eu acho que é direito tomar decisões sobre meu próprio corpo. Eu acho que é direito que mulheres estejam envolvidas e me representando em políticas e decisões tomadas no meu país. Eu acho que é direito que socialmente, eu receba o mesmo respeito que homens.
Mas infelizmente, eu posso dizer que não existe nenhum país no mundo em que todas as mulheres possam esperar ver esses direitos. Nenhum país do mundo pode dizer ainda que alcançou igualdade de gêneros. Esses direitos são considerados direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas.
Minha vida é de puro privilégio porque meus pais não me amaram menos porque eu nasci filha. Minha escola não me limitou porque eu era menina. Meus mentores não acharam que eu poderia ir menos longe porque posso ter filhos algum dia. Essas influências são as embaixadoras na igualdade de gêneros que me fizeram quem eu sou hoje. Eles podem não saber, mas são feministas necessários no mundo de hoje. Precisamos de mais desses.
Não é a palavra que é importante. É a ideia e ambição por trás dela, porque nem todas as mulheres receberam os mesmos direitos que eu. De fato, estatisticamente, muito poucas receberam.
Em 1997, Hillary Clinton fez um famoso discurso em Pequim sobre direitos das mulheres. Infelizmente, muito do que ela queria mudar ainda é verdade hoje. Mas o que me impressionou foi que menos de 30% da audiência era masculina. Como nós podemos efetivar a mudança no mundo quando apenas metade dele é convidada a participar da conversa?
Homens, eu gostaria de usar essa oportunidade para apresentar o convite formal. Igualdade de gêneros é seu problema também. Até hoje eu vejo o papel do meu pai como pai ser menos válido na sociedade. Eu vi jovens homens sofrendo de doenças, incapazes de pedirem ajuda por medo de que isso os torne menos homens - de fato, no Reino Unido, suicídio é a maior causa de morte entre homens de 20-49 anos, superando acidentes de carro, câncer e doenças de coração. Eu vi homens frágeis e inseguros sobre o que constitui o sucesso masculino. Homens também não tem o benefício da igualdade.
Nós não queremos falar sobre homens sendo aprisionados pelos esteriótipos de gênero mas eles estão. Quando eles estiverem livres, as coisas vão mudar para as mulheres como consequência natural. Se homens não tem que ser agressivos, mulheres não serão obrigadas a serem submissas. Se homens não tem a necessidade de controlar, mulheres não precisarão ser controladas.
Tanto homens quando mulheres deveriam ser livres para serem sensíveis. Tanto homens e mulheres deveriam ser livres para serem fortes. É hora de começar a ver gênero como um espectro ao invés de dois conjuntos de ideais opostos. Deveríamos parar de nos definir pelo que não somos e começarmos a nós definir pelo que somos. Todos podemos ser mais livres e é isso que HeForShe é sobre. É sobre liberdade. Eu quero que os homens comecem essa luta para que suas filhas, irmãs e esposas possam se livrar do preconceito, mas também para que seus filhos tenham permissão para serem vulneráveis e humanos e fazendo isso, sejam uma versão mais completa de si mesmos.
Você pode pensar: Quem é essa menina de Harry Potter? O que ela está fazendo na ONU? É uma boa questão e acreditem em mim, eu tenho me perguntado a mesma coisa. Não sei se sou qualificada para estar aqui. Tudo que eu sei é que eu me importo com esse problema e eu quero melhorar isso. E tendo visto o que eu vi e sendo apresentada com a oportunidade, eu acho que é minha responsabilidade dizer algo. Edmund Burke disse: “Tudo que é preciso para que as forças do mal triunfem é que bons homens e mulheres não façam nada.”
Cheia de nervos para esse discurso e em um momento de dúvida eu disse pra mim mesma: se não eu, quem? Se não agora, quando? Se você tem as mesmas dúvidas quando apresentado uma oportunidade, eu espero que essas palavras possam ajudar.
Porque a realidade é que se a gente não fizer nada, vai demorar 75 anos, ou até eu ter quase 100 anos antes que mulheres possam esperar receber o mesmo tanto que os homens no trabalho. 15.5 milhões de garotas vão se casar nos próximos 16 anos como crianças. E nas taxas atuais não vai ser até 2086 até que todas as crianças da África rural possam receber educação fundamental.
Se você acredita em igualdade, você pode ser um desses feministas que não sabem sobre os quais eu falei mais cedo. E por isso, eu te aplaudo.
Estamos lutando, mas a boa notícia é que temos a plataforma. É chamada Ele por Ela. Eu convido você a ir em frente, ser visto e se perguntar: se não eu, quem? Se não agora, quando?
Obrigada.” 

Fonte: http://www.unwomen.org/en/news/stories/2014/9/emma-watson-gender-equality-is-your-issue-too
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Sem Máscaras - um desafio para os homens

Fonte: Daniela Abade
Poema de Jeremy Loveday  
Twitter: @JeremyLoveday 
Traduzido por Daniela abade twitter @danielaabade


*Artigo rápido mas bem colocado sobre o tema He For She: se não agora, quando? - Por Clara. Nele tive a oportunidade de conhecer o segundo vídeo.

É um exercício constante a ser realizado por todos em busca de uma mudança de pensamento em sociedade, para que não continuemos com uma cultura de segregação.
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HeForShe Campaign Video

Fonte: HeForShe

Todos nós merecemos uma vida com menos estereótipos e mais aceitação, independente de gênero, pois somos em 1º lugar PESSOAS. 
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Atualização
(29/09/2014)


- "Hackers ameaçam publicar fotos íntimas de Emma Watson após atriz discursar na ONU em defesa do feminismo e contra a desigualdade de gêneros". Reportagem completa aqui. É contra também esse tipo de tentativa de calar e sobrepujar as mulheres que o HeForShe luta.

- Um rapaz de 19 anos é agredido violentamente por ter aparência andrógina e ser homosexual. Os agressores que o surraram e tentaram estuprar diziam "Você quer ser mulher? Então vai apanhar como mulher". Isso mostra dois aspectos brutais e injustos que são a cultura do estupro e a homofobia unidos. Reportagem completa aqui.

Por essas e tantas outras a campanha é tão importante e deve envolver toda a sociedade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Fotos de Henri Cartier-Bresson - por Guimera


Num portal de apresentações em slide chamado SlideShare tive a oportunidade de conhecer e acompanhar as coleções de imagens do usuári@ Guimera. Esta pessoa tem um apreço especial por imagens em preto e branco de grandes fotógrafos e Cartier-Bresson é um deles.
Estava com saudade de compartilhar trabalhos visuais e essa apresentação me pareceu uma opção bem legal!
 - Para saber mais sobre o trabalho de Cartier-Bresson e outros grandes fotógrafos da Magum Photos (cooperativa de fotógrafos francesa que surgiu em 1947 e existe até hoje), visite este site
 - Para outras apresentações interessantes montadas por Guimera, visite sua página no SlideShare.

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sábado, 26 de julho de 2014

Born This Way (Acapella) - Lady Gaga

A letra desta música tem muito a ver com o diálogo sobre amor próprio proposto nos textos do post anterior, só que ela luta também contra racismo e homofobia de uma maneira que me parece muito positiva. 
Não é novidade a temática dessa música. Quando foi lançada gerou bastante diálogo e discussão, mas só agora eu encontrei essa versão e tive o desejo de guarda-la aqui no blog.
Fora isso, versões à capela são ótimas para que a gente possa apreciar a capacidade vocal das pessoas, e a fotografia intimista em preto e branco ficou bem bonita :)
Coloquei também as principais partes da tradução. Retirei a repetição de trechos como o refrão e coisas assim (cortes simbolizados por "...") e grifei o que eu acho mais significativo sobre o tema.



Não importa se você o ama, ou em maiúsculas E-L-E
Apenas coloque as suas patinhas para cima
Pois você nasceu assim, amor

Minha mãe me disse quando eu era jovem
Que todos nós nascemos como super estrelas
Ela cacheava meus cabelos e me passava batom
No espelho da sua penteadeira

"Não há nada de errado em amar quem você é"
Ela dizia, "pois Ele te fez perfeita, querida"
"Então levante a sua cabeça, garota, e você irá longe
Me escute quando eu digo"

Eu sou bonita do meu jeito
Pois Deus não comete erros
Estou no caminho certo, querido
Eu nasci desse jeito

Não se cubra de arrependimentos
Apenas ame a si mesma e você estará bem
Eu estou no caminho certo, querido
Eu nasci desse jeito

Ooh, não tem outro jeito
Amor, eu nasci desse jeito
Amor, eu nasci desse jeito

Ooh, não há outro jeito
Querido, eu nasci desse jeito
Eu estou no caminho certo, querido
Eu nasci desse jeito
...
Seja prudente consigo mesma
E ame os seus amigos
Criança oprimida, exalte a sua verdade

Na religião da insegurança
Devo ser eu mesma, respeitar minha juventude

Um amor diferente não é um pecado
Acredite nas maiúsculas E-L-E (hey, hey, hey)
Eu amo minha vida, eu amo esse álbum e
Meu amor precisa de fé (amor precisa de fé)
...
Não seja diminuída, seja uma rainha
Seja você rica ou pobre
Seja você preta, branca, parda ou albina
Seja você libanesa, seja você oriental
Mesmo que as dificuldades da vida
Te deixem acuada, assediada ou importunada
Exalte e ame a si mesma hoje
Pois você nasceu desse jeito, amor

Não importa se é gay, hétero ou bi
Lésbica, transexual
Estou no caminho certo, amor
Eu nasci para sobreviver
Não importa se é preto, branco ou pardo
Ascendência albina ou oriental
Estou no caminho certo, amor
Eu nasci para ser corajosa
...
O mesmo DNA, eu nasci desse jeito
O mesmo DNA, eu nasci desse jeito
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Compositores: Jeppe Laursen / Lady Gaga
Fonte do vídeo: LyricsToFun
Fonte da tradução: Letras.mus

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E descobri isso também pesquisando um pouco sobre a cantora, e gostei de saber:
‘Born This Way Foundation’ é o nome da primeira fundação de Lady Gaga em parceria com sua mãe, Cynthia Germanotta, fundada em Novembro de 2011. A organização sem fins lucrativos, anunciada em 2 de novembro de 2011, tem como objetivo se concentrar na responsabilização dos jovens e igualdade, abordando questões como a auto-confiança, o bem-estar, o anti-bullying, a orientação e o desenvolvimento de carreira. Como descrito por Gaga, “Queremos ajudar a criar um padrão de gentileza e coragem e fazer a comunidade mundial cuidar e proteger daqueles que sofrem bullying e abandono”. O lema da campanha resume: “Fortalecendo a juventude, Inspirando a coragem”. 
No site provisório da fundação se encontra a seguinte mensagem de boas vindas, seguidas de um formulário de registro: 


“Desta maneira, rumo à bravura 

Onde a juventude tem o poder.
Desta maneira, rumo à aceitação
Onde a humanidade está incluída.
Desta maneira, rumo ao amor
Onde a individualidade é incentivada.”
Junte-se a nós, desta maneira. Lançamento em 2012. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sobre o que enxergamos no espelho

A  alguns meses tive uma mudança drástica na estrutura da minha vida. Com a adaptação veio mais saúde, mais leveza, mais alegria e mais alguns quilos de massa corpórea.
Honestamente gostei bastante da presença deles. Sempre achei que muito magra eu ficava com cara de doença (e normalmente eu estava mesmo doente física e psicologicamente).
Vejo tanta gente linda por aí em todas as cores, estilos, larguras, alturas, idades...
Mas, infelizmente, vejo também tantas dessas que não enxergam beleza em si. O que nos leva então as questões de estereótipo e padrão de beleza. Sobre isso quero indicar profundamente três textos que valem ser lidos a respeito:

- Da fome das mulheres e da loucura da braba, por Lélia Almeida.
- Sobre bruxas e beleza, por Caroline Jamhour.
- Uma conversa com a balança, por Jész I.
- O dia em que eu virei um botijão de gás, por Ju Romano -> incluído no dia 30/07/2014. Vale muito a leitura!


Cada uma trás diferente perspectiva sobre o assunto e os três relatos valem muito a pena serem lidos.

Além disso compartilho a música "Army of Dolls" (cd Human Contradiction) da banda holandesa Delain que fala também da pressão psicológica envolvida em ser uma pessoa magra na sociedade atual.




Army Of Dolls


How do you look into the mirror, when you're too tired to fake a smile?
Your misery won't make you look thinner
Reality is bitter, it's your hand and yours alone that has opened
the door to let their voices in
into your head, under your skin
fix your face or you will never fit in
Do you want me, do you want me to burst your bubble now?
Do you want me, I will break it, make it loud
Do you want me, do you want me, to break the paradigm
these rules were made by us
they break you up inside
Army of dolls stole your reflection
army of dolls stole ll your perfect imperfections
Just shut them out, don't let them in into your head
Do you really think misery tastes so much sweeter served with a perfect smile?


O que eu acho de tudo isso? Eu acho incômodo ouvir as pessoas falando o tempo todo sobre dietas, quilos a mais ou a menos, se depreciando desde jovens por como é seu corpo. Nunca se aceitando, nunca satisfeitas consigo. Já passei por tudo isso também. 
Já me odiei por dentro e por fora mas agora estou mais perto de um equilíbrio. Como exemplo: por mais que eu goste muito de maquiagem, não sinto a necessidade dela para me sentir bonita, uso quando quero por diversão e apreço às cores; por mais que eu ache lindo salto alto não uso a não ser que me sinta confortável. 
Eu posso achar uma pessoa bonita e gostosa de olhar para ela, mas se conhecendo descobrir  que é alguém arrogante, mesquinha, egoísta, preconceituosa, e afins - já era toda a beleza. E por pessoas que não estão de acordo com o padrão de beleza estabelecido como desejável mas que são humildes, generosas, de idéias libertas, que saibam conversar respeitando as opiniões alheias, bem humoradas - por estas eu me apaixono cada vez mais e acho cada vez mais lindas e atraentes. 
Falo isso me referindo de maneira genérica a "pessoa" pois independe do sexo a apreciação de seres humanos por minha parte. Gente linda é gente linda, simples assim. 
Rugas e cicatrizes são legais. Cada uma delas conta uma história, fala de situações as quais conseguimos sobreviver, que nos ampliaram a visão, nos tornaram mais fortes (com o perdão ao clichê envolvido).
Nada contra quem usa cremes para rugas, ou retira cicatrizes cirurgicamente. O que eu quero dizer é que a beleza de cada um de nós vai além desses detalhes. A nossa visão de beleza, autoconfiança e tranquilidade moram no nosso amor próprio.
O que eu sei é que estou muito feliz por estar viva. Muito feliz por ter resistido ao desejo de deixar este mundo, o qual me acometeu profundamente algumas vezes nessa existência.
Eu agradeço pelo meu corpo que funciona muito bem e que me proporciona fazer as coisas de que mais gosto. Não tenho mais nojo do reflexo no espelho, simplesmente gosto de mim.
Agradeço profundamente aos que me amam e apoiaram nos períodos mais obscuros, à Maraci Sant'Ana (Facebook e blog Psicoproseando) e à psicoterapia maravilhosa que me proporcionou, à doutora Andrezza P. Brito e sua sabedoria ao buscar conhecer profundamente meu caso e me medicar da maneira mais adequada possível. 
Fora da depressão eu tenho discernimento para seguir minha vida, amar a mim e aos outros, estudar, trabalhar, viver sob os parâmetros que eu considero saudáveis - não sob os padrões impostos e que "devem ser realizados a qualquer custo".
Quero me despedir com uma linda ilustração da Carolina e uma citação à Christina Perri em sua canção I Believe:

I wish that you could see
Your scars turn into beauty
("Eu gostaria que você pudesse ver
Suas cicatrizes se transformarem em beleza"
- em tradução livre)


Fada feita pela Caroline Jamhour

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Especial Cordas 5 - Apocalyptica



Sobre o Apocalyptica é até meio difícil fazer o post... vai ficar enorme!
É uma banda finlandeza de metal sinfônico da qual eu gosto muito. E eles, por sinal, compartilham meu grande apreço pelo Metallica. Tanto é, que o primeiro cd da banda se chama "APOCALYPTICA PLAYS METALLICA BY FOUR CELLOS" e é composto inteiro por versões instrumentais de canções do Metallica.
A estrutura normalmente é de 3 a 4 violoncelos e uma bateria.
O David Garrett basicamente nunca trabalha com vocalistas convidados - pelo menos até hoje não observei nenhuma música que o tivesse, mas como não ouvi a discografia completa prefiro deixar a dúvida no ar. Já o Apocalyptica possui inúmeros trabalhos com vocalistas convidados. Faz parte da linha de trabalho deles - e eu gosto muuuuito! São cantores de diversas vertentes principalmente do rock e incluem Cristina Scabbia (Lacuna Coil), Corey Taylor (Slipknot e Stone Sour), Ville Valo (HIM), Nina Hagen, Till Lindemann (Rammstein) e outros. Além de diversas músicas exclusivamente instrumentais, das quais aconselho assistir especificamente um vídeo pelo qual sou apaixonada: Grace! É um clipe em animação. Só não vou postar também por não ter localizado em boa qualidade de imagem. E olhem também Fade To Black, que é simplesmente linda na versão deles.

"Nothing Else Matters"

"S.O.S. (Anything But Love)" - feat. Cristina Scabbia 

Como era de se imaginar para uma banda que eu gosto bastante, não consegui selecionar poucos vídeos. Então... desliga o torrent para liberar sua banda de internet porque tem muita coisa pela frente rsrs. Bora!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury (2)

Beatty acionou seu acendedor e deixou-se fascinar pela pequena chama alaranjada.
- O que há de tão encantador no fogo? Seja qual for a nossa idade, o que nos atrai nele? - Beatty soprou a chama e a acendeu novamente. - É o moto-perpétuo; a coisa que o homem queria inventar mas nunca conseguiu. Ou o movimento quase perpétuo. Se a gente o deixasse queimando, ele superaria a duração de nossa vida. O que é o fogo? É um mistério. Os cientistas nos oferecem jargões pomposos sobre fricção e moléculas. Mas realmente não sabem. Sua verdadeira beleza é que ele destrói a responsabilidade e as consequências. Se um problema se torna um estorvo pesado demais, para a fornalha com ele. Agora,  Montag, você se tornou um estorvo. E o fogo tirará você de cima dos meus ombros, de modo limpo, rápido, seguro; nada de restos que apodreçam mais tarde. Antibiótico, estético,  prático. 

Página 141, 1ª edição de bolso, 2007, Editora Globo. 

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Descobertas musicais recentes

Conheci uma leva de bons álbuns musicais nas últimas semanas os quais fiquei com vontade de compartilhar. Então aí vão, em ordem alfabética quanto ao nome dos CDs:
"Human" Fonte do vídeo: Christina Perri


Christina Perri foi uma descoberta especialmente agradável porque eu nunca tinha sequer ouvido falar o nome dela. Gostei muito da maneira com ela imprime emoções em cada nota, e com as letras sinceras e empáticas. Minha música preferida do CD é I Believe, mas ela não possui vídeo ainda então coloquei o de Human que tem uma fotografia e efeitos muito bonitos. Trechinho de I Believe:

"I believe that tomorrow is stronger than yesterday
I believe that your head is the only thing in your way
I wish that you could see your scars turn in to beauty
Cause I have been where you are before
And I have felt the pain of losing who you are
And I have died so many times
But I am still alive"
Tem bem mais pela frente, estão prontos?

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Gil Elvgren: All His Glamorous American Pin-Ups

Frente (sobrecapa de papel).
No post sobre as pin-ups tatuadas pela Hannah Aitchison mencionei o fato de ela fazer reproduções de trabalhos do Gil Elvgren - um dos nomes mais influentes de todos os tempos nesse estilo. Inclusive ela já falou em entrevistas como ele é uma das grandes influências artísticas que ela tem em sua carreira. Engraçado como um assunto puxa o outro! rs

Seja como for, esse post é para compartilhar a feliz aquisição que fiz em julho de 2013 do livro Gil Elvgren: All His Glamorous American Pin-Ups (Taschen 25th Anniversary Special Editions). Comprei o livro pela Amazon, por ser bastante difícil encontrar por aqui e porque o preço lá estava ótimo! ^.~ 

O livro é de grande formato, com cobertura de capa em papel, capa dura, 271 páginas com todas as imagens coloridas e em ótima impressão. Além de agrupar os trabalhos por período e semelhança, existem textos sobre a vida e obra do Elvgren (todo em inglês). 

É lindo! *.* Super cheio de referências imagéticas, com direito a esboços e fotografias que foram tiradas como registro das modelos dele. Para aqueles que buscam inspiração para trabalhos relacionados à figura feminina, é uma ótima aquisição.

Agora, algumas fotos que fiz. Elas infelizmente não honram a beleza do livro, mas dá para ter uma noção:

Olha que lindas! *.*
Uma das partes da biografia do artista.
Frente do livro sem a sobrecapa de papel.
    
Costas do livro (sobrecapa).

Para os que nunca compraram na Amazon, algumas pequenas explicações:

- Até onde me lembro somente é possível realizar compras com cartão internacional;
- Hoje em dia no Amazon já é feita a cotação de valor em reais, além da tradicional em dólares; 
- Tudo o que comprei lá teve o acréscimo de frete;
- As coisas que comprei chegaram aqui no DF por volta de 8 a 15 dias após a compra;
- Apesar de a Amazon possuir inúmeros produtos próprios, ela também abriga algumas lojas dentro de si - em estrutura semelhante ao Mercado Livre. Tudo que é vendido em formato físico (não digital) pela Amazon tem entrega no Brasil. Algumas dessas lojas internas não. O site fornece um aviso na hora de fechar o pedido, solicitando retirar do carrinho os produtos que não podem ser enviados pro nosso país, mas para evitar a fadiga e a frustração é melhor olhar antes.

Acho que é isso! Até mais :)
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Farenheit 451 - Ray Bradbury








 Os livos servem para nos lembrar o quanto somos estúpidos e tolos. São o guarda pretoriano de César, cochichando enquanto o desfile ruge pela avenida: "Lembre-se, César, tu és mortal!". A maioria de nós não pode sair correndo por aí, falar com todo mundo, conhecer todas as cidades do mundo. Não temos tempo, dinheiro ou tantos amigos assim. As coisas que você está procurando, Montag, estão no mundo, mas a única possibilidade que o sujeito comum terá de ver noventa e nove por cento está num livro. Não peça garantias. E não espere ser salvo por uma coisa, uma pessoa, máquina ou biblioteca. Trate de agarrar a sua própria tábua e, se você se afogar, pelo menos morra sabendo que estava no rumo da costa.


Página 108, 1ª edição de bolso, 2007, Editora Globo. 

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Enquanto a noite não chega - Josué Guimarães


"A morte não assustava nenhum deles, e só não falavam sobre ela por uma questão de pudor, porque os filhos haviam morrido, os netos, os primos, os irmãos, até aquela cidade morrera aos poucos, numa agonia lenta mas bem visível; casas que ficavam vazias, telhados que deixavam filtrar a água das chuvas, madeirame apodrecendo, paredes ruindo e o mato crescendo onde antes eram salas de visitas, quartos e cozinhas. Seu Teodoro, agora, ali à sua frente, trabalhava como um cão e não arredaria pé sem antes enterrar o último sobrevivente, aferrado a princípios que nem eles mesmos sabiam quais eram."

Página 21 da versão digital em epub.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Pin-ups! Hannah Aitchison - Tatuadora

Mencionei a Hannah Aitchison no post sobre a Teresa Sharpe, e como gosto muito dela tanto no aspecto de trabalho quanto como pessoa - nada mais justo que compartilhar :)

A conheci por meio da série L.A. Ink na qual ela trabalhava com a tatuadora Kat Von D no estúdio High Voltage, e me apaixonei pela simpatia da pessoa, além da versatilidade e qualidade do trabalho dela.

Dessa vez vou fazer um post focado nas pin-ups pelas quais ela é considerada especialista.
Mas antes, o lindo sorriso da Hannah, que é digno de nota!


Ela faz pin-ups em diversos estilos, incluindo realismo ilustrado, reproduções do grande Gil Elvgren, Old school entre outros. Sempre com um toque que te faz saber: essa é da Hannah!




Tem muitas outras, se prepare. Ah! E todas as imagens aumentam se clicadas.