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sexta-feira, 12 de maio de 2023

The Now (poesia)

 



The Now

Wat are we

what are we
doing today?

With our fears,
with our dreams,
with the sleep we should be taking?

But our uneased heads
just don't stop thinking.

We're here,
today,
existing.

Should we be doing 
more than that?

They say we should,
but I don't want to.

Just want to be
driven away
by the melodies I love.

Flow with the internal wind,
feel with all my skin,
taste life with my own pores.

Stain my fingertips
with the colours of my drawings.

Feel where can I go
with the voice I have now.
To sing in any language,
to feel every word I'm saying.

I am,
right now.

So I breath.


.


Um tempo atrás estávamos eu e um amigo dialogando sobre o peso das cobranças da sociedade em adultecer. Sobre o quanto ficamos presos a pagar boletos, cumprir horários e suprir as expectativas das outras pessoas, ao invés de simplesmente existir, sentir a natureza, fazer coisas que nos tocam emocionalmente - como com a leveza que tínhamos em experimentar o mundo quando crianças.   

Vivendo de ansiedades e futuros ao invés de sentir o momento presente. Sobre a dificuldade em fazer novos amigues adultes que de fato estejam buscando conexão emocional ao invés de só falar de sexo/bebidas e a sensação de inadequação sobre buscar amigues crianças (porque é estranho e socialmente questionável uma pessoa adulta querendo ser amiga das crianças lá). Ele falando da vivência dele enquanto pessoa atípica e queer na sociedade alemã e eu sobre minhas vivências daqui.

Essa conversa ficou reverberando dentro de mim e tive o impulso em escrever a respeito. Saiu em inglês poque é o idioma em que a gente conversa e é a textura das palavras que estavam precisando surgir naquele momento.

Foi uma experiência muito interessante porque eu sempre escrevi poesia apenas sobre os meus sentimentos/sensações e dessa vez o que saiu foi uma mistura das minhas e das dele. Fiquei com o coração quentinho no processo.

Observações aleatórias: a foto foi feita por mim segurando uma florzinha muito cheirosa que encontrei no chão caminhando para a terapia - aparentemente é uma frangipani (plumeria), pelo que consegui pesquisar. E essas são minhas sempre curtas unhas, pintadas pela primeira vez desde que estava grávida da Saphira (tem uns 5 anos isso). Eu tava querendo colocar um pouco mais de cor no meu dia a dia e o momento pareceu propício. 

.


domingo, 4 de setembro de 2022

Oceano


Aprendi a nomear o luto de oceano.


É vasto,

não tem prazo para acabar,

não é linear,

e funciona em ondas.


Chega arrebatador,

nos dá inúmeros caldos,

pensamos que seremos engolides por tamanha potência.


Nossas lágrimas se juntam 

e o aumentam.

_


O tempo vai passando e a onda se afasta um pouco.

Conseguimos respirar um instante mais.

_


As vezes chegam momentos 

em que quase esquecemos

que ele nos tomou 

e revirou tão profundamente.


Pra, em seguida,

Sermos arrebatades por uma nova onda.

Sem aviso,

cheia de uma nova versão da dor,

da saudade,

da consciência... de ausência.

_


Não é linear, eu disse.

Me toma, de novo,

de um novo jeito.

_


Vem, 

me inunda, 

me leva pra longe de onde

pensei estar chegando.


A água arrasta a areia sob os pés,

o breve equilíbrio se vai,

e eu titubeio.

Os passos incertos viram braçadas,

o ambiente se azula a minha volta.


Eu choro,

me sinto exausta.

NÃO QUERO MAIS SENTIR.

Mas não é possível fugir 

de dentro de si.

_


Passei meses sentindo

que mal conseguia manter 

a cabeça fora d'água 

pra sobreviver.


Hoje, 

precisamente hoje,

sinto que estou caminhando na praia

após o mais recente caldo.


Vou aproveitar esse instante calmo,

enxergar as ondas ao longe,

consciente que me levarão

novamente.

_


Não sei quando,

só sei que vão.


.