Em 21/09/25 eu iniciei e joguei até zerar o jogo Indie "To the moon" da Freebird Games.
O Joel comprou como uma surpresa pra mim e eu amei 💛
Foi uma experiência e tanto de interações, investigação e mergulho na profunda história.
Tratando de temas como autismo, luto, projeção emocional, dificuldades financeiras e as escolhas que fazemos na vida diante dos impasses que ela nos oferece.
Personagens carismáticos, estilo pixelado. Tem uma única "batalha" no jogo todo e isso não é um problema de jeito nenhum.
Me emocionei e refleti várias coisas durante o processo.
O jogo fala sobre dificuldades de adaptação social e também sobre mascaramento autístico. Fala sobre as disparidades na comunicação, sobre as diferenças na demonstração das emoções entre as pessoas típicas e atípicas e como isso influencia a construção dos afetos, das conexões entre as pessoas.
Reflete sobre a influência que o mascaramento tem na construção da nossa personalidade e das dualidades que isso traz. É uma maneira de sobreviver, de se encaixar, mas abrindo mão de partes importantes de si ao longo do processo - o que tende a terminar com sofrimento mental e emocional.
Fala sobre a importância e a influência da memória na nossa forma de encarar a vida.
De como muitas vezes projetamos nossas perdas, lutos e dores nas pessoas à nossa volta.
Me trouxe reflexões sobre trauma geracional também.
Nem sei resumir, falam sobre tanta coisa nesse jogo!!
O que eu sei é que pra mim foi uma experiência muito tocante poder atravessar essa jornada. Me fez pensar na minha vida, me fez pensar no que eu desejo pra vida das minhas filhas - que também são neurodivergentes.
Foi dolosoro mas também me trouxe esperança.
Pra quem gosta de mergulhar em histórias e personagens, recomendo muito!!!
Quando eu conseguir jogar outras jornadas dessa desenvolvedora, tento trazer meu relato aqui também.
Eu passei anos ouvindo falar de Hollow Knight e agora em 2025 eu de fato participei de uma gameplay dele.
O Joel me emprestou suas habilidades de jogatina e eu fui tomando as decisões de direção, conduta e afins.
Os cenários são lindos demais. As transições entre um ambiente e outro, as sutis mudanças de cores, vegetações, barulhos. As histórias tocantes de muitos dos personagens. As escolhas difíceis e relevantes que a gente se depara ao longo da jornada.
Acabei me apaixonando pelo personagem principal (vulgo "Oquinho", como eu costumo chamar). Mesmo em silêncio, mesmo privado de emoções, mas portador de consciência e propósito, eu me afeiçoei absurdamente a ele. E testando todos os finais possíveis, o considerado mais correto termina com o salvamento da vida da Hornet mas a obliteração do Oquinho e do Cavaleiro Vazio para conter definitivamente a Radiância. Confesso que eu quase chorei quando vi esse final. Eu fiquei com uma sensação de vazio tão grande, o coração apertado. Era um momento de vitória por ter atravessado uma batalha tão difícil contra uma adversária tão formidável, mas a sensação era de perda. De um possível reavivamento da população, talvez dias de mais paz pra quem sobreviveu e resistiu a infecção, mas ainda assim uma grande perda.
Uma perda que ele próprio não sentiu. Que seus pares não sentiram. Para eles, foi apenas a concretização do seu propósito de vida, poderiam retornar ao vazio em paz agora.
Pra mim, luto. Luto pelos personagens que perdemos ao longo do caminho, pelas histórias de saudade, de dor, de luto que eles enfrentaram e nós só ouvimos falar mas sentimos junto.
O jogo é lindo e inquietante e fantástico em igual medida. O cuidado com cada textura, cada cenário, cada inclusão de lore. Os pequenos sinais de esperança, de renovação, de continuidade das espécies e das histórias, tudo isso é muito tocante também.
Enfim, tô apaixonada e me sentindo órfã.
Felizmente Silksong já está entre nós pra poder conhecer um pouco mais desse universo. Mas na real eu ainda tô digerindo o primeiro jogo antes de conseguir mergulhar inteiramente no novo.
Recomendo. Recomendo demais!!! E se vc, como eu, for alguém sem capacidade técnica pra zerar sozinho e também não tiver alguém pra jogar junto, aconselho assistir alguém zerando pelo YouTube pra ter a chance de vivenciar essa experiência tão absurda de boa que é Hollow Knight.
Visual e sonoramente tão lindo, que até me incentivou a fazer um desenho de uma das minhas coisas favoritas no jogo: as áreas de Sangue Vital:
É um mini desenho rapidinho em que usei umas canetas que comprei pra mim e pras meninas, mas deixou meu coração quentinho.
Alerta de gatilho: menções a abuso sexual infantil e gordofobia.
Eu tenho dificuldades de conviver com meu corpo desde pequena.
Primeiro porque eu era gordinha e as pessoas nos anos 90 já achavam que isso não era aceitável e não ligavam de reclamar disso pra uma criança (algo que segue acontecendo muito até hoje).
Aí eu comecei a esticar, a minha distribuição corporal mudou e eu fiquei mais "socialmente apreciável". E aí, ainda na primeira infância, eu sofri abuso. E aí, com todo o rolê de culpabilização da vítima que rolava já naquela época, eu, mesmo sem falar pra ninguém sobre o que tinha a conhecido, internalizei que a culpa tinha sido minha. Tinha sido daquele corpo por ser à frente da idade, por eu parecer mais "atrativa" do que eu deveria pra uma criança de 6 anos.
Não porque o cara era um pedófilo escroto que violou meu corpo sem se importar com as consequências. Não, a culpa era minha. Na tv, nas conversas dos adultos em geral à minha volta, em todo canto eu via as vítimas sofrendo escrutínio pelas roupas que usavam, por estar fora de casa em horário desaconselhável ou qualquer outra merda... E foi nisso que eu acreditei, mesmo sendo uma criança de 6 anos.
E assim eu cresci com nojo de mim mesma, evitando o espelho a todo custo.
À medida em que cresci eu segui tendo um corpo próximo do padrão, recebendo olhares invasivos e cantadas não solicitadas que eu aprendi a entender racionalmente como elogio mesmo que meu corpo entrasse em modo de alerta e medo.
Hoje em dia isso ainda acontece em algum nível, mas eu aprendi a usar roupas mais confortáveis e que escondem mais meu corpo numa tentativa de me blindar, de passar despercebida nesse sentido, mas continuei com dificuldade de me olhar. Nos últimos anos meu contato com registros fotográficos de mim se resumiram a selfies eventuais quando mudava o cabelo ou quando precisava de uma foto pra documento. Além de ver meu rosto quando ia escovar os dentes e simplemente olhar pra baixo pra ver se minha roupa estava suficientemente limpa e organizada pra seguir a vida de adulta.
Agora em 2025 tenho atravessado um processo terapêutico que tem me ajudado muito a olhar mais pra mim mesma, literal e metaforicamente. Olhar pras minhas dores, pras minhas necessidades, pro que me trava em medo e o que eu gostaria de deixar fluir novamente. E isso inclui aprender a cuidar e conviver melhor com meu próprio corpo.
Uns dias atrás vi esse vídeo do David Suh no qual ele fala do processo de estar buscando mais presença e cuidado com sua saúde, seu corpo e sua mente, e com ter mais compaixão no seu olhar sobre si mesmo. E ele sugere maneiras de tirar autorretratos em que possamos exercitar esse olhar mais compassivo e compartilha um pouco do seu próprio processo. Esse vídeo me atravessou de uma maneira que eu não esperava.
Hoje eu tive vontade de testar e fiquei feliz com o resultado. Foi bom olhar pra mim de uma maneira menos objetiva e com mais cuidado e apreciação. O que em mim eu gosto nesse momento? O que eu gostaria de registrar disso?
A seguir estão as fotos que eu quis guardar a partir desse exercício de olhar para mim. Luz natural, sem filtros, sem maquiagem, os lábios com algumas marcas ainda do mais recente momento de dermatilomania labial alguns dias atrás, com o cabelo zoneado de quem nem penteou, com roupa de ficar em casa com calor e feliz por ter conseguido registrar um pouco de coisas que gosto em mim no momento memso assim.
A Ray e o Joel tem sido importantes demais nesse processo. Ela caminhando comigo em todo o processo terapêutico incluindo todas as dores excruciantes e momentos mágicos. Ele me apoiando, compartilhando comigo sua estratégia pra ser mais amigável consigo mesmo, me presenteando com um celular que de fato me permite voltar a fotografar e por ter comprado um espelho de corpo inteiro pra casa que tem me dado oportunidades de me olhar.
Foi bom parar pra fotografar um pouco de novo. Muita saudade de poder fazer isso.
E um bonus, porque gostei da minha mão nessa foto:
Faziam alguns anos que eu não conseguia parar pra fazer encadernaação artesanal e eu sentia muita falta.
Estou em um momento um pouco diferente agora, com um acompanhamento que tem me ajudado a agir mais e não só seguir morando e especulando a vida, o universo e a minha existência dentro de dentro da minha cabeça.
E um dos reflexos desse novo movimento é retomar coisas que eu amo e fluir através delas sem uma culpa difícil de processar que eu carregava há anos. Meio que ainda carrego, mas estou me soltando dela cada dia um pouco mais.
Eu tinha vários projetos de cadernos em mente e de junho pra cá comecei aos poucos a realizar. Preparei as capas em junho, separei as folhas no início de julho e, do fim dele e o início de agosto, andei com os processos de perfuração, costura e finalização.
Fico pensando como o contexto de vida muda. Anos atrás eu seria tomada pelos pensamentos de um projeto e simplesmente cairia de cabeça nele. Esquecendo inclusive de comer/beber/descansar e parando pra dormir só depois de ter entrado madrugada a dentro tomada pelo hiperfoco.
Já cheguei a finalizar um caderno em questão de horas num mesmo dia. Esse era um projeto mais simples de executar, então eu só aguardava razoavelmente a cola estabilizar e partia pra próxima parte do processo...
Hoje, com crianças, trabalhando fora, tendo que controlar horários de sono pra fazer elas dormirem e acordar cedo pra arrumá-las pra escola, o rolê é bem diferente.
Prós e contras, né? A frustração de ser constantemente interrompida e ter que limitar o tempo de contato com a produção são coisas dolorosas. Mas o coração fica muito quentinho vendo a empolgação delas em escolher a estampa da capa, as combinações de cores dos papéis do miolo, e as perguntas (todo santo dia) de "Meu caderno já tá pronto, mamãe? Eu tô tão ansiosa!".
Hoje as duas já estão alegremente usando seus cadernos. Desenham, fazem colagens e a Saphira até já escreve algumas coisas no dela! Ela está indo muito bem no processo de alfabetização, é uma alegria ver.
E eu, que estava me sentindo orfã porque meu último caderno tinha acabado uns dois meses atrás, voltei a ter um meio pra desaguar. Estreei ele com uma poesia, seguida de um desenho e uma escrita muito muito catártica.
Eu só sentia que ele precisava ter na capa o papel de borboletas que eu guardava há muitos anos. Era ele, sabe? Tenho disso. Eu tô o tempo todo pensando e mesmo assim tem muita coisa que eu começo a sentir muito antes de conseguir entender o porquê, só sei que é a coisa certa.
Tem sido um reencontro feliz com um ofício que eu amo e do qual eu estava distante a tempo demais.
Por hoje compartilho aqui dois vídeos que fiz no dia em que estava costurando meu novo caderno.
Eu costumava fazer cadernos mais estreitos para ter menos peso para carregar comigo para todos os lados. Mas meu último foi feito por uma pessoa querida que produziu algo espesso, potente, que me acompanhou por muito tempo e foi uma experiência que eu gostei muito.
Fora que eu não tinha certeza de quando conseguiria fazer cadernos de novo, então achei mais seguro fazer um que pudesse durar bastante.
Mas me parece que agora eu tô ficando um pouco melhor nisso de incluir minhas paixões na minha rotina. De abrir espaço para mim na minha própria vida. Então creio que vou conseguir continuar produzindo cadernos com uma regularidade mais feliz para mim. Não a que o hiperfoco gosta, mas uma possível mesmo assim.
Apesar de não estar escutando tanto quanto antes, eu gosto muito de twenty one pilots e Car Radio é minha música favorita.
E ela é a favorita porque eu nunca achei algo que representasse tão bem o caos que é estar dentro da minha cabeça e o quanto música me ajuda a sobreviver a mim mesma.
Lendo o que escrevi agora parece especialmente dramático, mas é bem sincero, e eu vim registrar o pensamento para mim mesma no futuro.
Eu já falei um bocado de vezes aqui sobre o fato de que eu amo música, escuto pra caramba e elas são muito importantes pra mim. Mas uma coisa que não lembro se já comentei é que tenho sempre alguma ou algumas que se tornam o vício do momento e escuto çiteralmente em looping.
Fuquei com vontade de registrar as atuais e as anteriores, então aí vai!
ATUAIS
TABLO X RM - Stop The Rain (Official MV) no YouTube
Esta eu já chorei, já sorri, já cantei junto e as meninas gostam de ouvir tanto quanto eu, então essa é um vício compartilhado. A letra dessa música me toca de muitas maneiras, tanto a parte do Tabloo quanto a do RM. É falar de coisas que doem profundamente mas com a delicadeza e o acolhimento de um abraço sincero. Ela é minha atual música de conforto em momentos de crise emocional/sensorial.
Within Temptation and @JERRY_HEIL -
Sing Like A Siren (Official Music Video) no YouTube
Já tinha um tempo que eu não ouvia Within Temptation e de repente eu reencontro a banda com um tesouro maravilhoso como este. Lindo não é suficiente. Acho que mágico define melhor.
É o álbum HOUSE OF TRICKY : SPUR inteiro, na verdade, mas coloquei Breath pra representar. Em SPUR o talento e o estilo deles brilhou em outro patamar. E o fato de ser o retorno do Jung Hoon após a lesão grave no joelho fez tudo ainda mais especial.
Não sei nem por onde eu começo a falar do Commedia D'arte ATO I... A Bea é foda demais e esse álbum é espetacular sob muitos aspectos. Mas acho que o que mais me toca é ela estar tão livre e feroz em falar sobre o que importa de fato pra ela. É um desenvolvimento lindo de se ver.
ANTERIORES
ATEEZ "DEEP DIVE" - GOLDEN HOUR : Part.2 no YouTube
Este é um daqueles casos em que eu ouvi o ábum todo em looping todos os dias, mas escolhi só uma para representar. Fquei muito empolgada em saber que em junho vai ser lançado o GOLDEN HOUR : Part.3. Considerei presente de aniversário \o/ rsrs
ATEEZ é meu grupo favorito faz algum tempo e esse álbum bateu como uma companhia que viveu o tempo junto comigo, adultecendo.
O álbum D-Day inteiro é muito especial, mas AMYGDALAe Snoozesão particularmente importantes pra mim e foram ouvidas em looping, sentidas, choradas, cantadas e me arrepiam até hoje.
지민 (Jimin) 'Set Me Free Pt.2' Official MV no YouTube
Acho que já deu pra perceber que eu gosto de BTS e que músicas que falam sobre as jornadas pessoais em direção à autonomia e ao reconhecimento da própria força me tocam, né? Pois então. No álbum Face o Jimin entregou uma potência e uma versatilidade vocais que me suspreenderam e apaixonaram muito. Eu ouvia inteiro em looping, mas essa e Alone são as que me atravessam mais.
E pra fechar a participação de integrantes do BTS no meu relato de vícios musicais, essa foi provavelmente a primeira de trabalho solo deles que me deixou obsecada. Por um bom tempo foi minha música de conforto para momentos de crise. A voz do JK me reconforta sensorialmente de um jeito que é difícil de explicar e toda a sonoridade dessa música é deliciosamente reconfortante.
Eu sou perdidamente apaixonada pela voz, a interpretação, a entrega da Eivør e esse álbum foi um presente, mais uma preciosidade que ela trouxe pro mundo. Não tem como ouvir ela cantar e não sentir reverberar até nos ossos. Sou apaixonada.
Iniko é uma força da natureza e eu considero um privilégio ter tido a oportunidade de conhecer uma voz e uma presença como essa, mesmo que só de longe. Amo várias músicas mas decidi registrar aqui o vídeo com o qual eu u conheci. Armor é outra que eu ouvi em looping e que me atravessa com muita força.
Não tem condição de eu ver uma apresentação incrível dessa e não deixar registrado em lugar nenhum!!!
Eu sou apaixonada por versões acústicas por ser possível perceber as sutilezas da interpretação, sentir mais de perto a emoção da voz, e este album Paisagem (Acústico; Ao Vivo) tá lindo demais.