quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sobre o que enxergamos no espelho

A  alguns meses tive uma mudança drástica na estrutura da minha vida. Com a adaptação veio mais saúde, mais leveza, mais alegria e mais alguns quilos de massa corpórea.
Honestamente gostei bastante da presença deles. Sempre achei que muito magra eu ficava com cara de doença (e normalmente eu estava mesmo doente física e psicologicamente).
Vejo tanta gente linda por aí em todas as cores, estilos, larguras, alturas, idades...
Mas, infelizmente, vejo também tantas dessas que não enxergam beleza em si. O que nos leva então as questões de estereótipo e padrão de beleza. Sobre isso quero indicar profundamente três textos que valem ser lidos a respeito:

- Da fome das mulheres e da loucura da braba, por Lélia Almeida.
- Sobre bruxas e beleza, por Caroline Jamhour.
- Uma conversa com a balança, por Jész I.
- O dia em que eu virei um botijão de gás, por Ju Romano -> incluído no dia 30/07/2014. Vale muito a leitura!


Cada uma trás diferente perspectiva sobre o assunto e os três relatos valem muito a pena serem lidos.

Além disso compartilho a música "Army of Dolls" (cd Human Contradiction) da banda holandesa Delain que fala também da pressão psicológica envolvida em ser uma pessoa magra na sociedade atual.




Army Of Dolls


How do you look into the mirror, when you're too tired to fake a smile?
Your misery won't make you look thinner
Reality is bitter, it's your hand and yours alone that has opened
the door to let their voices in
into your head, under your skin
fix your face or you will never fit in
Do you want me, do you want me to burst your bubble now?
Do you want me, I will break it, make it loud
Do you want me, do you want me, to break the paradigm
these rules were made by us
they break you up inside
Army of dolls stole your reflection
army of dolls stole ll your perfect imperfections
Just shut them out, don't let them in into your head
Do you really think misery tastes so much sweeter served with a perfect smile?


O que eu acho de tudo isso? Eu acho incômodo ouvir as pessoas falando o tempo todo sobre dietas, quilos a mais ou a menos, se depreciando desde jovens por como é seu corpo. Nunca se aceitando, nunca satisfeitas consigo. Já passei por tudo isso também. 
Já me odiei por dentro e por fora mas agora estou mais perto de um equilíbrio. Como exemplo: por mais que eu goste muito de maquiagem, não sinto a necessidade dela para me sentir bonita, uso quando quero por diversão e apreço às cores; por mais que eu ache lindo salto alto não uso a não ser que me sinta confortável. 
Eu posso achar uma pessoa bonita e gostosa de olhar para ela, mas se conhecendo descobrir  que é alguém arrogante, mesquinha, egoísta, preconceituosa, e afins - já era toda a beleza. E por pessoas que não estão de acordo com o padrão de beleza estabelecido como desejável mas que são humildes, generosas, de idéias libertas, que saibam conversar respeitando as opiniões alheias, bem humoradas - por estas eu me apaixono cada vez mais e acho cada vez mais lindas e atraentes. 
Falo isso me referindo de maneira genérica a "pessoa" pois independe do sexo a apreciação de seres humanos por minha parte. Gente linda é gente linda, simples assim. 
Rugas e cicatrizes são legais. Cada uma delas conta uma história, fala de situações as quais conseguimos sobreviver, que nos ampliaram a visão, nos tornaram mais fortes (com o perdão ao clichê envolvido).
Nada contra quem usa cremes para rugas, ou retira cicatrizes cirurgicamente. O que eu quero dizer é que a beleza de cada um de nós vai além desses detalhes. A nossa visão de beleza, autoconfiança e tranquilidade moram no nosso amor próprio.
O que eu sei é que estou muito feliz por estar viva. Muito feliz por ter resistido ao desejo de deixar este mundo, o qual me acometeu profundamente algumas vezes nessa existência.
Eu agradeço pelo meu corpo que funciona muito bem e que me proporciona fazer as coisas de que mais gosto. Não tenho mais nojo do reflexo no espelho, simplesmente gosto de mim.
Agradeço profundamente aos que me amam e apoiaram nos períodos mais obscuros, à Maraci Sant'Ana (Facebook e blog Psicoproseando) e à psicoterapia maravilhosa que me proporcionou, à doutora Andrezza P. Brito e sua sabedoria ao buscar conhecer profundamente meu caso e me medicar da maneira mais adequada possível. 
Fora da depressão eu tenho discernimento para seguir minha vida, amar a mim e aos outros, estudar, trabalhar, viver sob os parâmetros que eu considero saudáveis - não sob os padrões impostos e que "devem ser realizados a qualquer custo".
Quero me despedir com uma linda ilustração da Carolina e uma citação à Christina Perri em sua canção I Believe:

I wish that you could see
Your scars turn into beauty
("Eu gostaria que você pudesse ver
Suas cicatrizes se transformarem em beleza"
- em tradução livre)


Fada feita pela Caroline Jamhour

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2 comentários:

Roberta disse...

Olá,
Tarnélia.


Tudo bem?
Como posso conseguir o o contato da sua terapeuta? Fiquei impressionada com o seu relato, acho que ela pode me ajudar.
Obrigada
um abraço
R

Tarnélia Triptus disse...

Olá Roberta!
Me mande um email para emilia.taiga@gmail.com que eu te passo os contatos da Maraci. Ou se você preferir pode entrar diretamente em contato com ela pelo Facebook, deixei o link para o perfil dela ao lado do nome no post.
Um abraço!