quinta-feira, 29 de maio de 2014

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury (2)

Beatty acionou seu acendedor e deixou-se fascinar pela pequena chama alaranjada.
- O que há de tão encantador no fogo? Seja qual for a nossa idade, o que nos atrai nele? - Beatty soprou a chama e a acendeu novamente. - É o moto-perpétuo; a coisa que o homem queria inventar mas nunca conseguiu. Ou o movimento quase perpétuo. Se a gente o deixasse queimando, ele superaria a duração de nossa vida. O que é o fogo? É um mistério. Os cientistas nos oferecem jargões pomposos sobre fricção e moléculas. Mas realmente não sabem. Sua verdadeira beleza é que ele destrói a responsabilidade e as consequências. Se um problema se torna um estorvo pesado demais, para a fornalha com ele. Agora,  Montag, você se tornou um estorvo. E o fogo tirará você de cima dos meus ombros, de modo limpo, rápido, seguro; nada de restos que apodreçam mais tarde. Antibiótico, estético,  prático. 

Página 141, 1ª edição de bolso, 2007, Editora Globo. 

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